Amanhã não existe!
Amanhã não existe. Diz-nos o rei do Carpe Diem, o glorioso e muito filosófico Ricardo Reis. Por vezes, dá-mo-nos durante a noite a desejar, que tal não acontecesse para não termos de enfrentar as duras realidades dos dias que correm. Pelo menos, a mim é uma tortura. Queria ser como, Caeiro, olhar para o campo e ver nele tudo aquilo que ele necessita, sem pensar.
Temos claramente duas filosofias diferentes que não ouso opinar por agora qual delas prefiro: uma delas claramente apoiado num estoicismo e epicurismo exacerbado leva-nos a escolher a via do gozo claro e intenso do momento presente, visto a vida ser, metaforicamente falando, um rio cuja foz é nada mais nada menos que a morte; a segunda é a negação completa e absurda do pensamento como via para a felicidade.
Ainda que não concorde da mensagem transmitida por um e outro, achando por demais óbvias as lacunas que uma e outra filosofia detém.
Infelizmente sou muito mais apologista e identifico-me muito mais com o Pessoa ortónimo, e por conseguinte “ pelo seu irmão na dor de pensar” Álvaro de Campos.
Queria ter a noção que o amanhã seria melhor, mais rico, mais completo e repleto de alegrias para mim. Mas tenho as interrogações que se me levantam constantemente, colocando-me em sentido sobre se algum dia conseguirei consecretizar aquilo que em mente idealizei, ainda que esteja claramente confiante no “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce.”
Para finalizar, deixo Ricardo Reis e a sua filosofia no seu melhor:
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quise'ssemos, trocar beijos e abrac,os e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o o'bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Na minha opinião, dos mais fantásticos, poemas de Reis.
Eu adoro e tu?
Apenas eu: Hugo
Temos claramente duas filosofias diferentes que não ouso opinar por agora qual delas prefiro: uma delas claramente apoiado num estoicismo e epicurismo exacerbado leva-nos a escolher a via do gozo claro e intenso do momento presente, visto a vida ser, metaforicamente falando, um rio cuja foz é nada mais nada menos que a morte; a segunda é a negação completa e absurda do pensamento como via para a felicidade.
Ainda que não concorde da mensagem transmitida por um e outro, achando por demais óbvias as lacunas que uma e outra filosofia detém.
Infelizmente sou muito mais apologista e identifico-me muito mais com o Pessoa ortónimo, e por conseguinte “ pelo seu irmão na dor de pensar” Álvaro de Campos.
Queria ter a noção que o amanhã seria melhor, mais rico, mais completo e repleto de alegrias para mim. Mas tenho as interrogações que se me levantam constantemente, colocando-me em sentido sobre se algum dia conseguirei consecretizar aquilo que em mente idealizei, ainda que esteja claramente confiante no “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce.”
Para finalizar, deixo Ricardo Reis e a sua filosofia no seu melhor:
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quise'ssemos, trocar beijos e abrac,os e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o o'bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Na minha opinião, dos mais fantásticos, poemas de Reis.
Eu adoro e tu?
Apenas eu: Hugo
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