Friday, August 06, 2004

Vida: afinal mera efeméride!

Se Deus quisesse ser claramente grandioso, fazia com que os dias como terráqueos que temos, fossem um apogeu constante de bem- estar e felicidade. Porém , o Deus que nos guarda, comanda e por nós zela quer que aprendamos a sofrer para no sofrimento adquirirmos bagagem humanitária e grandiosidade psicológica. Eu coloco a questão: Mas porquê tudo isto?
Não se trata aqui de mero paganismo ou revolta existencial contra uma divindade transcendente e inatingível, antes de uma constatação de um facto. Não reza a história da Humanidade, dos fracos já se diz mas se os fracos não existissem, os fortes não teriam razão de existência por dificuldade de definição.
Vejo no paganismo algo sem muito lógica confesso, mas algo com alguma relevância para ser apontado. Sendo os deuses primariamente concebidos para nutir e preencher a mente humana com uma luz e réstea de esperança para os problemas que a vai apoquentando, não deveriam ser os deuses concebidos à imagem do Homem? Esta é talvez a maior conclusão que se deve do próprio texto biblico onde se afirma que Deus fez o Homem à sua imagem. Mas novamente, uma interrogação: se o fez à sua imagem , não deveríamos nós ser também omnipotentes e grandiosos no ser e no fazer? Não entendo...
Busco explicações para o inexplicável, mas também nunca ninguém conseguiu achar valor inequívoco para as questões de mera metafísica abstracta. Gostava, queria e desejava que Deus fosse mais actuante, se é que existe, no Mundo onde estou. Sofrimento, desgraça e tristeza são sinónimos que haviam de ser apagados dos dicionários pela Sua Grandiosa Mão. Mas volto a perguntar, Onde está Deus, quando dele preciso? Onde estava ele quando mergulhei num abismo donde não vejo saída? Onde estava Ele quando queria e não tive o que mais desejava? Onde está Ele que não me ajuda?
Não entendamos isto, reforce-se, como um mero manifesto pagão. É antes a revolta de quem vê na vida uma mera efeméride e que "unfortunately" vê o tempo esfumar-se como uma ampulheta que não para.
Daria tudo, mesmo tudo, anos de vida se necessário fosse, se capaz de ser feliz pelo menos um dia fosse (desculpe-se aqui a inversão sintática do predicado, mas é mera figura de escrita e não erro de principiante).
Não pensar em questões metafísicas e carpe diem ir vivendo. Talvez seja esse o "Grito do Ipiranga" pelo qual a minha alma grita. Mas não será isso tapar o sol com uma peneira uma vez, que não é a fugir dos problemas que eles se resolvem?
Não vivo, sobrevivo!
Apenas eu : Hugo ( em muito mau estado, frise-se)