Thursday, August 03, 2006

Abismo de Sentir

Quando sentimos somos sempre aquele que manda no Mundo. Aquele cujo Universo se verga para nos ver passar. A nossa condição de egoísmo faz-nos levar mais longe do que aquilo que almejaríamos alguma vez tocar com o triste olhar da desgraça.
Acordo para o Dia como um sentinela que desperta para a tarefa que o espera. Olhando os espelhos que me circundam, dou-lhes a triste falácia do Sorriso que tenho, preso por alfinetes ténues para que se não desmanche. E então aí, desmancho a verosimilidade da Mentira dos Teus Olhos, enquanto desço para a escada de Mim.
Hoje, toco-me com um Cego, procurando um caminho sem o conhecer. Talvez o simples deixar que a Vida nos conduza, seja a Metáfora da Existência por descobrir. Sem ser Mago, ou Artífice, dou por mim a percorrer as linhas de um comboio que faz tempo que descarrilou, rente à boca que mudou o Mundo, rente aos dedos que não me percorrem, rente ao Nada que deixaste no Tudo.
Talvez a sina do sentir seja a do conhecimento Total. Sentirmo-nos cheios, para que possamos dizer que o contrário existe e talvez por aí, termos a vivência do que somos plenamente. Hoje sinto-me frio, sinto-me distante, sinto-me o cubo de gelo que nunca quis saber. Nada me mói, nada me toca, ninguém me emociona e talvez por isso me sinta cristalizado na Coisa que Sou.
Hoje os toques e as palavras moram na Lembrança e no Nojo. Talvez as pequenas falácias daquilo que deixaste em mim te digam um rumo que nunca tiveste, sejam aquilo que nunca foste, e talvez eu seja feliz por inteiro.
Nada me quer, nada me deseja, nada desejo. Apenas o Sentir que o Vento me toca, como uma gaivota errante num Céu errático. Apenas sentir que cada vez que olho o Mundo, o Mundo me olha.
Hoje, sinto-me de tudo ausente.
Até de mim...
Apenas eu, Hugo

1 Comments:

Blogger Bruno Moutinho said...

O texto reflecte o teu estado de alma. A tristeza... Nunca gostei de ver ninguém triste e não gosto de te ver assim, como antes te tinha dito. Retira os "alfinetes" e deixa que o sorriso se mantenha, mas desta vez ao natural, sem que seja forçado pela necessidade de parecer bem. Enganas-te quando afirmas que nada te quer, que nada te deseja. Sabes que és desejado, algures, assim que as brumas do destino mostrarem os seus segredos. Não te sintas ausente nem só; abre os olhos e observa o que te rodeia, a vida que anseia algo mais de ti.
Excelente post, ainda bem que te conseguir convercer a continuar a escrever ^_^ (ao menos sempre sirvo para alguma coisa ;P)

2:15 PM  

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