Sunday, March 26, 2006

Tactos


Vive-se e sente-se em memórias de cristais e diamantes. Os diamantes que brilhavam outrora, hoje não são mais do vidros baços de um Sonho de uma alma por inventar.
Fito o Céu num Campo que dizem ser Grande, numa cidade que dizem ter Sete Colinas, esperando ser surpreendido por um toque de Pessoa, a minha Pessoa.
Gostava de me cruzar contigo na rua, explicar-te coisas, ver coisas contigo, ser por entre ruas apinhadas de gente, ora sentindo, ora sentindo-Te, naquele espaço que já foi nosso.
A nossa última Presença foi o toque das nossas mãos. O selar silencioso de algo que nos une de maneira tão simbiótica e tão cabalmente interrompida, mas não terminada. Hoje, apetece-me fumar um cigarro, voltar atrás no tempo ouvindo Anthony and The Johnsons ou The Gift, que tanto nos marcou numa época já por nós ultrapassada.
Hoje o calendário emprerrou, os dias estão maiores, a ausência transborda e as lágrimas quase que vão secando. Aos meus gritos de dor sobrepõe-se os de quem não quer ouvir, os quem não quer pensar que o acto da escolha pode ser cruel, assim como o acto do reencontro pode ser delapidante quando nos faz pensar de erros de passado. Não acredito na Filosofia Popperiana, em que o conhecimento só evolui com o erro. Não! Devemos evitá-lo e não forçosamente provocá-lo para que a certeza de um Algo aflore.
Sinto-me na mais apertada das camisas de forças que possa existir: a camisa da distância. Oxalá me pudesse o Vento levar num qualquer sopro, ou então fosse ele capaz, de te levar um Beijo Meu de até já. Mas não. Vivo prisioneiro de uma Prisão chamada distância com a Vontade de Dar, Reconquistar e, quiçá, continuar o que o Tempo ou algo interrompeu.
Hoje as Utopias deram lugar à Vontade, ao Desejo que tudo volte a ser não o Conto de Fadas, mas a Certeza dos Dias, não o do Olhar Perfeito mas o Olhar que nos enchia aos Dois de um sorriso de mil anos, não o das Frases de Conveniência mas as Frases Repletas de um Sentimento transbordante, que ainda hoje nos enche.
Não escolho bem alguns modos como me dirijo a Ti, nao meço muitas vezes palavras ditas como punhais que lanço directas ao teu peito e se calhar vou esculpindo a lápide de algo que sempre foi tão nosso. Não é isso que quero. O que quero ter-te nos braços, agarrar esses lábios que foram e são (?) meus e habitá-los até que a Sombra me leve.
Esqueçam as teorias. Esqueçam as certezas. Hoje sofre-se com s minúsculo uma Dor com D maiusculo. A dor de quem ama, a dor de quem luta, a dor de quem se sente aprisionado, a dor de quem o tecto caiu em cima.
Vejo-me a construir um Hugo em paredes de barro. Um Hugo errante, oscilando entre a monotonia monocórdica e a monotonia monótona de dias sem Ti. Não peço viver apenas por Ti, não peço ser eu o epicentro das tuas 24 horas, peço apenas poder existir Contigo e em Ti, por entre dias em que a chuva cai a cântaros e os pássaros não vão cantando melodias que sejam de se ouvir.
Olho-Te no Silêncio, procurando-Te o rasto, quiçá tentando-Me encontrar a mim também. Deambulo, por entre corredores e paredes, pensando em sei lá o quê. Gostava de que o Sonho de uma Vida, Contigo, não acabasse numa palavra. Que o Adeus não fosse lei, mas antes o sinónimo de um Até Já, que em Lisboa lutarei para transformar na certeza de um Beijo Eterno e de uma Eterna Melodia de Corpos, os nossos Corpos.
Até lá, até à camisa de forças perder a força, resta-Me sentir os Tactos que deixaste em Mim e voltar atrás no Tempo, o Tempo que me tocaste na Mão pela última vez.
Amo-te e desculpa se por vezes não escolho o melhor modo de dizer, de lutar, de ser.
Apenas eu, Hugo!

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