Algures no Porto
Amo, vagueando as ruas do Porto, as tardes de um Verão que teima em ir passando devagar. Vivo, pelas ruas de uma cidade matreira, a alegria de um sentimento indelevelmente pintado a cera, numa tela chamada alma. Fito no horizonte a estrela guia de um Céu, que desejo como limite para a existência mais plena que a Humanidade alguma vez teve capacidade para reconhecer. Sou, pelas ruas de uma cidade que admiro, mais um cujo amor aconteceu.
Perdi os rumos e prumos de uma tristeza, que seguramente não era a minha, ganhei no pensamento e na metafísica uma aliada verdadeira, mas, infelizmente, talvez isso me leve a campos que não será de todo aconselhável. Perdi os trilhos de um sofrimento para o qual não foi feito e encontrei num rio, o espelho da minha solidão, quando não estás.
O Douro, o tão lindo e único Douro com a sua mística tão peculiar, vai carregado de lágrimas de gente que chora as tristezas, virtudes, façanhas, alegrias e desventuras da sua vida. Com as suas lágrimas salgam um mar que é de todos, mas a alguns dizem algo muito particular. Vi fugir o rio debaixo da ponte D.Luís. Desejei acompanhá-lo na sua cruzada. Talvez as correntes e marés do vasto oceano me possibilitassem chegar até ti o mais depressa possível, pois é em ti que reside a minha Foz.
Vi dos Aliados a cidade vergar-se a meus pés, subjugada ao que sinto, vencida pelo que quero e manifestamente gritando igualmente por ti. O grito mais surdo é, indubitavelmente aquele que mais ferozmente se faz ouvir. Consegues ouvir o grito da minha alma?
Sou pelas ruas de Verão, um vagabundo fugidio dizendo não á solidão. Dizendo não a uma tristeza que não é a minha. Silenciem-se as gaivotas que esvoaçam aqui no meu lado, no cais da Ribeira, pois hoje deixo o meu coração falar e talvez o vento que sopra te leve as palavras que solto nesta brisa.
Invejo o Sol que me queima a pele. Toca-te a pele todos os dias, tem-te nas mãos sempre que quer, enquanto eu, pobre mendigo numa cidade que me acena, vivo suspirando pelo teu toque e pelos teus lábios.
Oxalá o tempo compense aquilo que tenho hoje a menos, e me liberte na ânsia incomensurável do amor que tenho por ti.
Porto: amo-te ou odeio-te?
Leva-me até ao Infinito do ser. Faz de mim que mais ninguém soube fazer e mais ninguém é capaz. O Infinito de mim terás.
Pertences-me... Agora habita-me!
Apenas eu, Hugo!
1 Comments:
Ja nao era sem tempo! Finalmente uma actualizaçao, e como sempre muito bem escrita! Acho que devias pensar mais nas pessoas que acompanham o teu blog,ficar tanto tempo sem ler um textinho teu, é muito mau!!!! Espero que agora nao demores tanto tempo a fazer uma nova actualizaçao.
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