A Noite da Vida
Cada vez que te sinto, parece que nem me sinto. Talvez seja a mentira das palavras que brotas da boca ou a mera evidência do que vou vendo, dos comentários que fazes a outrém ou dos meros suspiros que dás no peito de alguém. Seja a Noite a mais triste parte do dia que me abraça. Seja o meu Dia a metáfora do restício de Vida que em mim deixaste.
Este computador onde me sento agora talvez seja a espada que me falta, para me ferir de Morte. Dou-me aqui no Início das coisas, vivendo a continuação de coisa nenhuma, vendo-te a espalhar palavras por ninguém, movido sabe-se lá porque interesses ou virtudes e ainda assim, sou aqui aquele que sabe sempre o fim da história quando a escreve.
Diz-me: sabes quem sou? Sabes o que faço? Sabes o que me apetece fazer quando leio no silêncio as pégadas dos trilhos que deixas? Não te vou dizer sequer. Vou deixar que esse fogo de me ter no silêncio, te fira os olhos e me enxergues e me percebas vendo-Te mais do que aquilo que imaginas. Sempre imaginei que poderias ser a Utopia tornada realidade. Ou então a constatação do engano tomado na pele...
Hoje sinto o calor a entrar-me nas veias e a ser pelas ruas que me passeiam, o Tal que segue no seu trilho perdido do Nada à procura das coisas que a Vida lhe teima em tirar. Se juntarmos ao que tive, aquilo que tenho, então temos aquilo que sempre irei ter: Nada. Aquilo que tenho perdi nos Dedos num Adeus dito por detrás da orelha, para que ninguém possa ler os lábios e até aí conseguiste ser aquilo que não queria que fosses. De nós os dois, a pessoa que mais perdeu foste tu, agora que sou apenas a Ideia do que fui, por entre os teus toques em Pessoas que julgas mais dignas ou que são capazes de te encher mais alma, se é que esse emaranhar de coisas que te julgas pode assim ser chamada.
Hoje a Noite da Vida nasceu pouco iliminada. Talvez o nascimento da Noite anteceda o chegar da Luz do Dia, que espero não me fira os verdes olhos com que tento olhar o Mundo, e ver por vezes a triste evidência dos rastos das pessoas, ora que estimo, ora que estimei outrora. Mas deixem-se as aliterações de lado, pois hoje grita-se por palavras para que elas possam saltar do ecrã e te esfregar na alma, a violência dos silêncios e gestos que tens, e daqueles que me olham de cima, só para afogar o ego.
Serei provavelmente a pessoa que nunca encontrou o trilho... Ou o trilho nunca foi capaz de me achar. Ainda assim sinto-Me a peça que Me falta, para ser mais Eu, ainda que a moléstia dos dedos, seja capaz de me penetrar mais fundo que mil punhais, como que vincando a sete ferros um dor que será minha até ao fim dos dias, porque gritar liberta e ao mesmo aprisiona-nos na rouquidão que nos deixa, e hoje fico mais rouco que mil tenores, por entre suores frios de desgraça sentida e dor vivida e eternamente pensada.
Prefiro calar os dedos para que não jorrem mais estes tormentos que me tocam e me levem a ser aquele que sou, sem coisíssima nenhuma, sem ambição nenhuma, sem nada esperar de ninguém, porque nenhuma pessoa se mostra ainda capaz de me mostrar o que quer que fosse, a não ser que todas enveredam pelo caminho da redenção e da desilusão aos meus olhos. Hoje, todos os blogs parecem acenar-me com a Luz do Adeus das palavras que nele comentas, que no teu deixas, ou simplesmente nas coisas que olhas, com o olhar que só a ti pertence.
Devolve-me a esfinge que tiraste e deixa-me habitar o que já fui. Sem ti, porque não te quererei jamais.
Se gritar é libertar, então hoje solto-me das tuas amarras, aquelas que de Mim nunca tiveste, nem nunca quiseste. Talvez o Nada querer remeta para o não saber ser.
Hoje, não me sou, porque não me quero.
E acabe-se o texto...
Apenas alguém, apenas um, apenas eu, Hugo!
7 Comments:
Se as palavras forem a chave para a liberdade então que se soltem.
Sinceramente nem sei o que dizer relativamente a este texto. É um pouco diferente do habitual mas nem sei porquê.
Chega até a parecer uma despedida, mas de quem?
Nao cales os dedos e deixa fluir as palavras.
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Gostei muito do teu blog. As palavras tocam. Continua. Visitarei mais vzs.
Pergunto-me: porque me levou tanto tempo a descobrir esta sequência de letras que compõem o endereço do teu blog?
Quase tinha sido tarde demais...
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