Sunday, August 19, 2007

Vias, caminhos e becos


Gostava de me vestir de estrelas e perder nos dedos o doce sabor de um vento frágil que me gelasse. Não sei, não sinto, não vejo o porquê da tremura dos dedos e do esfriar da alma, naquela hora tardia em que tudo à volta parece ruir que nem castelos de areia evadidos por um qualquer animal.
Pareço-me o mais estranho dos seres. Não percebo processos, não entendo olhares, não tenho sentidos suficientes para me perceber. Ainda assim acho-me o mais perceptível dos seres. Tentei perceber os meus esquemas mentais, mas já percebi que perceber-me é o mesmo que buscar no mais árido dos desertos a trilha correcta para o Oásis. É como ostentar na vitrine o Santo Graal, ou de considerar-me o mais sortudo e audaz entre os Homens.
Pareço-me o mais estranho dos seres. Aquele que vagueia por vias, caminhos e desagua nos becos. Os becos em que bato com a parede até ela ser ferida e uma só comigo, a mesma cabeça que me esmaga a existência a cada dia que percorro.
Sou um caminho trilhado, trilhado por trilhos que não sei trilhar. Talvez por pensar em saber trilhá-los sou estranhamento estranho a mim mesmo. Gostava de não o Ser. Ser o mais constante das pessoas em termos de relações interpessoais, mas principalmente conseguir o que até hoje não passou da mais pura das miragens: ser feliz comigo mesmo.
Passam os anos, mudam os toques, mudam as maneiras de estar e de sentir e mudam até as cidades que me banham os olhos. E na barriga, aquele sentimento estúpido que estou a perder, ou que o relógio de tique-taque vai desaguar no correcto estourar da minha cabeça, dilacerando de vez aqueles pensamentos que me destroem a cada segundo.
Sou o mais complicador entre os complicados. O capaz de transformar o abraço num final, um sorriso num punho cerrado, um adeus num olá. O que perco todos os dias é a calma de uma existência que não consigo definir e ainda assim tento ganhar a existência calma que desperdiço. Naqueles rasgos simples de coisas nenhumas, consigo ser o Hugo que gostava de ser. Quando não o consigo sou o Hugo normal sempre a rebentar pelas costuras, na sua tristeza lacónica, de quem perdeu o Mundo e ganhou a Vida... Ou ganhando a Vida, perdeu o pensamento.
O que valerá mais? Antecipar ou CarpeDiemAr? Ganhar ou Perder? Pensar em ganhar estoica e utopicamente ou pensar que posso perder?
Na sua da inocência pensem os fracos que o optimismo é a solução para uma mente sã.

É por isso que desde cedo abandonei o Optimismo... e dou por mim em vias, caminhos... e cada vez mais em becos!

Apenas eu, Hugo!

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