A imagem que hoje coloco, do meu tão venerado Mestre, é a mais famoso de todas as imagens pela qual Ele ainda hoje é venerado. É da autoria de Almada Negreiros, seu companheiro de muitas lutas no Modernismo Português. Da imagem que podemos ver extraímos um só, vagueando pelas ruas de Lisboa, para beber a sua bica, fumar o seu cigarro e beber a sua aguardente, que dizem as más línguas deu cabo do seu fígado. Pessoa, sempre introspectivo e racional a 100% mostrou ao mundo, que a genialidade está para além do mero alcance da vontade. Esquizofrénico, talvez , mas de uma genialidade ímpar e de uma capacidade de escrita como jamais Portugal viu. O Supra-Camões conseguiu encarnar a atitude mundana de um Caeiro, cujo Guardador de Rebanhos, a filosofia espectacular de um Reis que mostrou ao mundo que os clássicos eram o paradigma da existência e um Campos simplesmente espectacular na terceira, "irmão do Pessoa ortónimo na dor de pensar", segundo Eduardo do Prado Coelho e que para Octávio Pato escreveu "le piu bélle poéme du monde", a saber "Tabacaria". Esse poema que tantas vezes cito é sempre dúvida de uma genialidade tremenda e na minha opinião reúne em si os três grandes heterónimos de Pessoa: a atitude mundana de quem observa da sua janela o que se passa "do outro lado da rua", digna de um Caeiro ao seu melhor estilo; um conhecimento perfeito dos filosófos, afirmando mesmo "ter feitos mais filosofias em segredo do que Kant alguma vez fez", denotando aqui sem dúvida a sua feição a Reis; e o pessimismo latente e a dor existencial que percorre todo o poema, ligando umbilicalmente o Campos Intimista ao Pessoa Ortónimo. Simplesmente genial! Desde Chevalier de Pas à Mensagem, passando pelo teatro onde este escreveu três obras, cito a que para mim foi a mais genial das frases de Pessoa: "Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce" . Mas como toda a obra de Pessoa tem as suas contradições esse próprio Pessoa que faz a apologia do sonho, diz ele próprio que "Melhor é nem sonhar nem não sonhar e nunca despertar". Um sem número de contradições que ao longo da sua obra podemos encontrar, mas o que não foi a vida de Pessoa senão uma enorme contradição? Cabe-nos a nós interiorizar o seu génio e relevá-lo nas vertentes. A sua genialidade ímpar ficará para sempre. E eu venerá-lo-ei para sempre igualmente. Apenas eu: Hugo!
Tuesday, October 19, 2004
A imagem que hoje coloco, do meu tão venerado Mestre, é a mais famoso de todas as imagens pela qual Ele ainda hoje é venerado. É da autoria de Almada Negreiros, seu companheiro de muitas lutas no Modernismo Português. Da imagem que podemos ver extraímos um só, vagueando pelas ruas de Lisboa, para beber a sua bica, fumar o seu cigarro e beber a sua aguardente, que dizem as más línguas deu cabo do seu fígado. Pessoa, sempre introspectivo e racional a 100% mostrou ao mundo, que a genialidade está para além do mero alcance da vontade. Esquizofrénico, talvez , mas de uma genialidade ímpar e de uma capacidade de escrita como jamais Portugal viu. O Supra-Camões conseguiu encarnar a atitude mundana de um Caeiro, cujo Guardador de Rebanhos, a filosofia espectacular de um Reis que mostrou ao mundo que os clássicos eram o paradigma da existência e um Campos simplesmente espectacular na terceira, "irmão do Pessoa ortónimo na dor de pensar", segundo Eduardo do Prado Coelho e que para Octávio Pato escreveu "le piu bélle poéme du monde", a saber "Tabacaria". Esse poema que tantas vezes cito é sempre dúvida de uma genialidade tremenda e na minha opinião reúne em si os três grandes heterónimos de Pessoa: a atitude mundana de quem observa da sua janela o que se passa "do outro lado da rua", digna de um Caeiro ao seu melhor estilo; um conhecimento perfeito dos filosófos, afirmando mesmo "ter feitos mais filosofias em segredo do que Kant alguma vez fez", denotando aqui sem dúvida a sua feição a Reis; e o pessimismo latente e a dor existencial que percorre todo o poema, ligando umbilicalmente o Campos Intimista ao Pessoa Ortónimo. Simplesmente genial! Desde Chevalier de Pas à Mensagem, passando pelo teatro onde este escreveu três obras, cito a que para mim foi a mais genial das frases de Pessoa: "Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce" . Mas como toda a obra de Pessoa tem as suas contradições esse próprio Pessoa que faz a apologia do sonho, diz ele próprio que "Melhor é nem sonhar nem não sonhar e nunca despertar". Um sem número de contradições que ao longo da sua obra podemos encontrar, mas o que não foi a vida de Pessoa senão uma enorme contradição? Cabe-nos a nós interiorizar o seu génio e relevá-lo nas vertentes. A sua genialidade ímpar ficará para sempre. E eu venerá-lo-ei para sempre igualmente. Apenas eu: Hugo!
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