Wednesday, October 06, 2004


A noite. A noite levanta-se perante mim como uma interrogação nefasta e de espécie tremendamente difícil. Por um lado, dada a minha tremenda dor existencial, serve como escape para os meus desvarios diurnos que me molestam e me enfraquecem. Por outro lado, durante a noite a minha mente é acercada por pensamentos maquiavélicos de teor muitas vezes fraticida e masoquista. Poderia, em sonhos, ser o mais grandioso dos seres humanos. Ser feliz, coisa que na realidade até hoje não sei o que quer dizer. Apenas uso aqui a palavra porque a consultei no dicionário. Porém , durante as noites que passo, a dor e o vazio acercam os sonhos. E porquê pergunto eu? Não entendo. Dou muitas vezes por mim a ver-me deitado completamente morto, fora a redundância, deitado no meu funeral, vendo as pessoas velando por aquilo que fui em vida. Mas, pensando melhor, será que alguma vez fui algo? Será que há alguém para cuja a minha existência seja de algum modo valorizada? Não me parece. São apenas desvarios de uma mente perturbada, mas note-se que de mente perturbada a mente doente vai uma distância abissal. Sou apenas alguém que sofre por não ser feliz, por não ter o irmão que sempre quis ter, a presença amiga que o valore nos momentos difíceis e mais que isso o amor que sempre idealizou para si, seja ele qual for e de que espécie. Dou por mim envolto numa mágoa constante, em que me banho por vezes em lágrimas incessantes. Os meus olhos ardem-me por vezes de tantas lágrimas que deito. Por detrás de um rosto tradicionalmente risonho, está uma alma molestada que anseia constantemente pelo dia do seu último suspiro como forma de acabar com estes desvarios, que alguns classificariam como loucura. O balanço das coisas doidas e não pensadas, e das coisas acertadas e pensadas, faço-o à noite. Raramente me valorizo. Sempre há qualquer coisa que me deita para baixo: uma frase mal dita, um olhar mal colocado, um insulto dirigido, uma lágrima que se soltou... Sempre e constantemente. Mas algo que me molesta mesmo a alma é a não existência de uma alma que eu posso considerar como gémea. Isso sim, é o maior dos meus dramas. Ninguém, nesta vida ou noutra qualquer, consegue ser feliz fechada num baralho de copas. Para isso, todos nós buscamos sempre alguém que coloque a peça que falte no nosso puzzle existencial. Até nisso tenho tido azar. Sou um traste que a nada pode aspirar senão ir sobrevivendo esperando que um ataque fulminante acabe com este ódio por mim mesmo, com este mau estar permanente e está angustia em que estou envolto. Esse Deus que já critiquei tem neste campo um papel essencial. Quero que Ele saiba que a vida, por mim é estimada, mas infelizmente não está a ser vivida. Neste momento que escrevo lágrimas jorram dos meus olhos e penso numa pessoa. Essa pessoa concerteza sabe quem é se vier a ler isto. Apenas e só eu: Hugo! Posted by Hello

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

será que faço parte do lote de pessoas fantásticas que conheces ou estarei inserida naquele que nem mereçe um olá?! Tentei ser a peça que falta ao teu puzzle mas não encaixamos. Tentei ser a luz nesse imenso buraco negro que dizes ser mas nem a mim mesmo me ilumino. Fiz e faço o mais que posso para te trazer à vida,para redescobrir contigo o que é ser feliz. Dou a minha alma e vida para afastar esse tormento que te cerca e afunda para sitios onde não me deixas ir. Mas não sou eu a alma gémea que tanto anseias encontrar! Estarei sempre a teu lado por mais que digas que não tens amigos no verdadeiro sentido da palavra. O teu sorriso enche a minha alma não o apagues nem deixes que o mundo te obrigue a desistir.

10:49 AM  

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