Monday, August 16, 2004

Um barco à deriva sozinho no mar... Que melhor metáfora poderia eu arranjar melhor para me definir? Também eu vivo vagueando erroneamente por um rio que não sei onde me leva, nem muito menos porque estou nele, mas a certeza irrefutável das certezas é uma: estou completamente só! Amigos de outrora, esquecimentos de hoje, promessas adiadas, sonhos falhados, desilusões do presente baseadas num passado e me afectando cada vez mais o futuro...Olho ao meu redor em cada dia que vou vivendo e vou admirando as pessoas que não têm esta ânsia, esta dor, este receio de estar vivo e ir vivendo que tenho. Sou triste, vivo triste e defino-me como tal. Pessoas há que devem pensar que isto por que passo, se define como doença do mero foro psiquiátrico, sendo esta definida como psicose doentia, mas digamos que está longe, muito longe de ser isso, uma vez que o psicótico não tem noção do seu estado. Ir vivendo sem pensar é algo que já tentei não poucas vezes, tentando obter no vazio e no banal aquilo que não tenho na complexidade extrema de um pensamento elaborado e demasiado complexo aos olhos de quem o interpreta. Mas nada que o vazio me trouxe foi capaz de mitigar esta dor que no meu peito arde. A dor ardente de querer ter amor mais presente de uns pais que me amam mas que se afastam a cada dia que passa; a dor ardente de amigos que não tenho, já tive e não sei se alguma vez mais voltarei a ter. Não se interprete isto como mera divagação metafísica ou então mero recado escrito e publicitado para que alguém que se assuma como destinatário possa reclamar como sua a mensagem. Não! É antes um grito de quem silenciosamente grita todos os dias no meio de uma multidão que teima em fazer da banalidade uma bandeira e do prazer fácil um modus vivendi et operandi. Posso afirmar, sem qualquer dúvida, que a minha vida está totalmente desprovida de sentido lógico. Falhei em quase tudo! A grandiosidade que tive, ou julguei alguma vez ter, passou por debaixo da ponte da minha vida nunca mais recuando para dela poder vir a sentir novamente o sabor. A água passa por debaixo da ponte e não mais voltará a passar! Ainda que seja uma conclusão dura que temos inexoravelmente de tirar é triste termos de chegar a tão gravosa e triste evidência. Queria estar aqui a narrar a maior das façanhas, o maior dos feitos e a mais alegre das alegrias, mas no dia em que o fizer de maneira exacerbada a mais, chamem-me hipócrita e incoerente, porque transitar de estados de alma isso sim é doença. Sinto-me hoje, não sem um mas sem os dois braços. O braço esquerdo, por ser do lado do coração, do amor que tanto quis e não tenho e não sei se alguma dia terei; e o braço direito, do companheirismo, do amigo presente, que me considera parte integrante de um mundo que também é o dele. Por isso digo que vou falhando diariamente e falhei em tudo a que me apostei. Sou um fraco, um banal e quiçá um vulgar... Um vulgar que valoriza as pieguices do sentimentos e os valores mais ténues e sentidos que assume como seus e que estão em decadência. Darei alguma vez a volta por cima? Com o pessimismo que me possui desde há muito, dificilmente suplantarei tão grandiosa dificuldade. Apenas eu: Hugo. Posted by Hello

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Inicias-te o texto afirmando seres um barco à deriva na agua. O barco n és tu...o barco somos todos nós! sou eu, tu ele, e eles! ñ te sintas só...
todos esses sentimentos racionalizados e incrivelmente pensados, eu já os senti...e ocasionalmente sinto/penso.Faço isso cada vez que me deparo com alguma dificuldade, injustiça...faço-o talvez por ser mais facil pensar do q sentir a tremenda dor da injustiça ou dificuldade.
Alguém uma vez disse: "olhar a vida de frente...sp olhar a vida de frente...e sabê-lo, finalmente sabê-lo...e aí pô-la de lado...". é qq coisa do genero, mas esta apropriado à situação. olha-a sp de frente e vive-a! ñ penses...sente...tlvz seja o mais dificil
Este comment foi escrito à pressa e tlvz n faça mto sentido...mas espero q te ajude.

Um abraço...

de um amigo?

10:58 AM  

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