Wednesday, August 18, 2004


Cada vez me afundo mais na minha mágoa. Dou por mim a desejar morrer a qualquer momento. A minha vida já não faz qualquer sentido. Quero desaparecer, deixar de ser um cadáver adiado, para passar a ser um cadáver efectivo e assim não mais sofrer, não mais passar por coisas que me repugnam, por sentimentos de indiferença, de desprezo. Ninguém me quer, ninguém me estima, ninguém me valoriza, ninguém me quer por perto. Olho para mim com um desprezo que me apetece dar cabo de mim nesse instante. Sou mesmo um traste, daqueles que espremido ao máximo não sairia nada de postivo. Um escremento de nada e uma mistura de tudo que repugna aos olhos de terceiros. Devo ser um parasita desmedido, frustrado por não ter aquilo que sempre quis e que nunca conseguiu ser sucedido nas coisas que idealiza. Sou, provavelmente, uma obra que Deus se enganou quando idealizou. Dizem que Ele é perito nas obras que faz, mas saiu um traste imundo e decadente: esta escumalha que aqui vos escreve. Por isso, desejo hoje a morte mais do que aquilo que alguma vez quis e espero que Deus me conceda esse desejo pois não aguento mais o estado de agonia desmedida e lacónica por que passo. Quero deixar de ser o que só tinha qualidades, para passar a ser o que já teve qualidades; quero deixar de ser o que era ingorado, para passar a ser o que foi ignorado; quero deixar de ser o triste, para passar a ser a pessoa que em momentos da sua vida foi triste. Se calhar, a vida resume-se a uma questão de pura semântica e concordância verbal. Pois então, vou usar o imperativo expressivo dizendo "Quero morrer". Espero que me deixem fazer isso. Ou Deus o fará ou eu mesmo me encarregarei de tal coisa. Dizem que o suicidio é cobardia mas não na minha situação. Veremos até que ponto serei cobarde. Apenas eu: Hugo! Posted by Hello

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