Existem pessoas neste mundo, para quem a metafísica representa apenas um mero palavra cujo sentido da palavra desconhecem. Eu, ainda, que não me possa comparar ou afirmar que sequer ombrear com o meu Mestre, ainda me acho no direito de saber o que é a metafísica e a dor que isso acarreta. Tentar incessantemente buscar na vida um sentido consegue ser, por vezes, decadente e demasiado duro para mentes mais expostas à dor e à fragilidade mundana. Pessoa é o meu Mestre, o meu mentor, a pessoa em que me inspiro para dissertar e exprimir-me nas mais diversas formas e se calhar, por ter este gosto pessoano, não consigo exprimir-me melhor senão na Dor, e não se conote esta Dor com o poeta fingidor que Pessoa apregoava ser ou simplesmente metaforizava versando sobre essa temática. Gostava muito sinceramente de ser como ele. Todos nós no fundo, tivemos um Chevalier de Pas, todos nós temos um pouco de Caeiro no gosto pela natureza e pela atitude despreocupada de encarar a vida; um pouco de estóico-epicurista como tão bem Reis consegue ser e brilhante como só Álvaro de Campos consegue pôr nos versos a dor imensa que tem. Da genialidade à loucura é um passo muito ínfimo e não poderemos afirmar que os génios jamais foram loucos, porque se a loucura se define como ver algo que os outros não conseguem ver ou descortinar, então os génios são e sempre hão-de ser os mais loucos dos habitantes deste planeta. Revejo-me em Pessoa! Como Pessoa não sou aluno superior brilhante; como Pessoa sou alguém que vê na vida um adiar da morte e que sofre constantemente durante a sua existência; como Pessoa sou racionalizador de sentimentos, e tal vejo por isso não me veja envolvido no Rio, que Reis quer sossegadamente ver com Lídia passar. Sou o que me fizeram e a minha consciência dita e talvez a maior metáfora da minha vida é ser eu próprio como me pinto. O importante não é ser diferente: é fazer a diferença, sendo diferente. A autenticidade e a expressão cabal e inequívoca daquilo que uma pessoa é, sempre foi, para mim, o maior e mais essencial dos dogmas que eu próprio me dei ao luxo de assumir como meus. E assumindo-os como meus, assumo eu próprio a definição de uma filosofia de vida, que ainda hoje me questiono se será a mais correcta. No entanto, de uma coisa cada vez mais me vou capacitando: devido ao turbilhão de emoções, que esta discrepância entre razão e coração me vai trazendo, o mais certo é ir-me tornando num animal que eu definiria como caracol: ter somente na sua concha o aconchegi que precisa para vida e isolada e solitáriamente enfrentar a vida, lentamente esperando aquilo que ela nos reserva. Enfrento o hoje, de uma maneira mais lúcida, ansiando amanhã mil vezes mais que a lucidez do presente. Assim sendo, aguardemos o amanhã. Apenas eu: Hugo!
Friday, October 15, 2004
Existem pessoas neste mundo, para quem a metafísica representa apenas um mero palavra cujo sentido da palavra desconhecem. Eu, ainda, que não me possa comparar ou afirmar que sequer ombrear com o meu Mestre, ainda me acho no direito de saber o que é a metafísica e a dor que isso acarreta. Tentar incessantemente buscar na vida um sentido consegue ser, por vezes, decadente e demasiado duro para mentes mais expostas à dor e à fragilidade mundana. Pessoa é o meu Mestre, o meu mentor, a pessoa em que me inspiro para dissertar e exprimir-me nas mais diversas formas e se calhar, por ter este gosto pessoano, não consigo exprimir-me melhor senão na Dor, e não se conote esta Dor com o poeta fingidor que Pessoa apregoava ser ou simplesmente metaforizava versando sobre essa temática. Gostava muito sinceramente de ser como ele. Todos nós no fundo, tivemos um Chevalier de Pas, todos nós temos um pouco de Caeiro no gosto pela natureza e pela atitude despreocupada de encarar a vida; um pouco de estóico-epicurista como tão bem Reis consegue ser e brilhante como só Álvaro de Campos consegue pôr nos versos a dor imensa que tem. Da genialidade à loucura é um passo muito ínfimo e não poderemos afirmar que os génios jamais foram loucos, porque se a loucura se define como ver algo que os outros não conseguem ver ou descortinar, então os génios são e sempre hão-de ser os mais loucos dos habitantes deste planeta. Revejo-me em Pessoa! Como Pessoa não sou aluno superior brilhante; como Pessoa sou alguém que vê na vida um adiar da morte e que sofre constantemente durante a sua existência; como Pessoa sou racionalizador de sentimentos, e tal vejo por isso não me veja envolvido no Rio, que Reis quer sossegadamente ver com Lídia passar. Sou o que me fizeram e a minha consciência dita e talvez a maior metáfora da minha vida é ser eu próprio como me pinto. O importante não é ser diferente: é fazer a diferença, sendo diferente. A autenticidade e a expressão cabal e inequívoca daquilo que uma pessoa é, sempre foi, para mim, o maior e mais essencial dos dogmas que eu próprio me dei ao luxo de assumir como meus. E assumindo-os como meus, assumo eu próprio a definição de uma filosofia de vida, que ainda hoje me questiono se será a mais correcta. No entanto, de uma coisa cada vez mais me vou capacitando: devido ao turbilhão de emoções, que esta discrepância entre razão e coração me vai trazendo, o mais certo é ir-me tornando num animal que eu definiria como caracol: ter somente na sua concha o aconchegi que precisa para vida e isolada e solitáriamente enfrentar a vida, lentamente esperando aquilo que ela nos reserva. Enfrento o hoje, de uma maneira mais lúcida, ansiando amanhã mil vezes mais que a lucidez do presente. Assim sendo, aguardemos o amanhã. Apenas eu: Hugo!
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