Sunday, August 20, 2006

Um esboço que nunca terminei...


"E o verbo fez-se carne… por entre toques de dedos cheios de Noite, habitamo-nos ali onde o Silêncio parecia Opaco. Relembro-te nas nuances, nos pormenores furiosos daquilo que fomos naquele quarto de Hotel, em Lisboa, do qual perdi a chave e a memória das cores. Fomo-nos ali mais completos que uma qualquer obra – prima de qualquer grande mestre, e conseguimos perceber o porquês de tantas coisas que a Vida nos disse.
Trazias o teu casaco azul, que haverias de trazer vestido em todos os nossos gestos de Adeus, com a camisa que te tinha mandado para o Porto depois a ter comprado em Campo de Ourique. Vestias uma calça de ganga banal. És apologista de que as coisas têm a sua utilidade não pelo preço mas pela satisfação que proporcionam. Será então por isso que o amor verdadeiro não tem preço?
Perdemo-nos no olhar um do outro mal nos tocamos. Percebemos ali, no cair da Aurora, que tudo havia parado no Mundo para habitarmos ali, tu e eu, o substracto daquilo a que chamamos corpo. Fomos ali a mais grandiosa das aparições que julguei ver ou sentir e ainda hoje tenho os traços dos teus dedos escrito no meu peito.
Querida, tão minha e querida, Amélia. Onde páras quando te não vejo, quando me inunda a vontade de te tocar e beijar-te até a respiração ficar sôfrega de um desejo que se matou? Onde param os teus olhos que anseio por tocar na doce brisa do toque que a minha alma emana chamando por ti? Onde para o Focus que me levou para a mais grandiosa das sensações de Vida? Estarás lá? Pensar-me-ás?
Digo-te aqui que não morreste em mim. Aliás, nasceste-me quando me tocaste e me tatuaste os sentidos a cada pequeno toque, a cada pequeno beijo, a cada pequeno pormenor de um momento que sei que fizeste por tornar inesquecível. Agora, sinto-te aqui neste pulsar de sentimentos, neste ânsia desenfreada por habitar os lábios de mel que me habitaram o corpo. Habitaste-me, tatuaste-me, mudaste-me… amaste-me muito. "

Um esboço de um livro que gostava de ter escrito, mas que resolvi parar...
Tudo original, tudo meu...
Apenas eu, Hugo!
(Tudo o que ali se diz, nunca se passou, a não ser na mente de quem passou da mente para o papel)

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

não consigo ler o que escreves sem ficar com TPM... és demasiado profundo e penetras aquele pontinho de sensibilidade que todos os dias tento apagar de mim propria! não gosto de pensar... de pensar naquilo que me incomoda. enterro todos os dias as lembranças que me fariam ficar enterrada na cama a soluçar! atitude mesquinha, talvez própria dos fracos... mas é assim que me esforço por ser feliz todos os dias!
este está especial: talvez o teu lado mais claro, talvez o teu lado menos escondido, o pseudónimo que mais gosto! apesar de tudo, confesso que nao consigo deixar de ler o que escreves!
lá estou lavada em lágrimas... mas estas são pouco salgadas e por isso passam rápido e não deixam marca no rosto!
ProntoSSS...
mim***

12:10 PM  
Blogger irre_place_able said...

Another subject please...
Me! *

3:56 AM  
Anonymous Anonymous said...

talvez seja ousadia minha dizer que nunca deverias ter parado de escrever esse livro em que nada é real mas que tem tanto significado camuflado entra cada linha, entre cada palavra... Toma coragem e escreve, deixa que fique regisado as mais belas palavras que sentiste. acredito que será muito bom para ti.

beijo

3:30 AM  
Blogger Bruno Moutinho said...

Penso que não deverias ter parado. Deves ter tido as tuas razões, mas o ser humano tem uma tendência estranha para não terminar aquilo que começa. A única coisa que termina a 100% é mesmo a vida.

O texto está fantástico. Demonstra a sencibilidade, o amor e a sua simplicidade que o torna tão especial. Porque não continuas?

Abraços.

6:27 AM  

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