Tuesday, March 28, 2006

Apologia do Sentir

Perco-Me por entre os meus dedos. Aqueles pequenos pedaços de Mim que te percorreram o corpo como faróis de uma Felicidade sem limite. Perco-Me, por entre os tactos da tua pele, por entre os sentires de um respirar que deixaste em mim, por um bater de um coração que teima em não parar.
Perdi-Me em Mim e não me encontrei. Vagueei nas sombras do Meu Eu e não me vi. Talvez por não Me estar, por não Me ser e nessa encruzilhada de pequenos tiques-taques bombásticos encontrei-Te com o teu Sorriso de lírios e chama nos Olhos bradando por Mim. Será que a Tua Alma chama por mim nesses teus Dias? Serei Eu uma palavra, ou apenas um nome de um Passado, apagado por entre um qualquer gesto rápido de Loucura Momentânea?
Tenho pena de quem não logra um amor como o Nosso. Um amor capaz de desafiar a Ordem Natural das Coisas, um amor capaz de ser Único num Silêncio de Mundo que não quer ver, um Amor que, se calhar, só nós os Dois o entendemos, nos pressupostos em que assentam.
Conjecturo-me sobre o Futuro a dar a tão grande sentir. Virar as costas à prudência, ignorar a Razão e a Intuição e deitá-lo para o Grande Lixo do Esquecimento, esperando que o entulho que por cima dele seja deitado trate de o eliminar dos nossos Olhos, ou então alimentá-lo com a esperança dos Lábios que se unirão numa Eternidade Próxima.
Faço hoje a apologia de um Sentir muito Nosso. O Sentir de um coração que tem o teu nome tatuado, desafiando dogmas, paradigmas e certezas de um Mundo que vive alimentado a soro. Mas não o que sentimos. O que sentimos vive alimentado com a Lenha da Paixão, por entre Tempestades de um Inverno hostil que nos gela as entranhas e nos desafia a Existência.
Desistam os Fracos. Deitem fora as Armas os que estão derrotados por Natureza, pois Eu canto a apologia de um Sentir muito meu, apenas e só meu, pela Pessoa que me Roubou a Tristeza, no dia em que me tirou a fria secura da Espera de uma Alma. A Tua!
Perco-Me por entre Memória de Gestos e Palavras que enunciamos num qualquer canto, numa qualquer hora, onde nos tocámos bem dentro, ali onde o Tempo parou quando nos olhamos, ali onde Tudo é mais banal que a maior das banalidades.
Sofro-Me pela Ambição de Te habitar, pelo Medo de um murchar de uma Rosa a que dei o nome de Amor por Ti. Essa Rosa que fui alimentando com a Água da Esperança de um dia possuir os lábios mais formosos que alguma vez vi, de ter do lado a Pessoa mais Grandiosa que me foi dada a conhecer.
Vejo-Nos a fitar o Tejo, num qualquer fim de Tarde. Vejo-Nos passeando no Douro, num Domingo primaveril trocando galhardetes de cidades muito nossas, muito minhas, muito tuas.
É o que nos une que me vai dando forças para sorrir, mesmo quando a bruma me enche de uma tristeza sem cor. A cor do silêncio é o mias negro dos Pretos que possas passar para uma Tela. Por isso, peço-te que sejas capaz de colorir de novo a minha Vida, na Tela do meu Amanhã.
Por Ti, abraçarei o Universo se preciso for, para que desse peito sempre jorre a eloquência e a grandeza de um Amor e de uma Cumplicidade, que sempre foi muito Nossa... e que espero continuar a Ser.
Eu Amo-te e sabes bem o quanto lutarei por ti!
Apenas eu, eterno Vagabundo Moribundo de um Sentimento, Hugo!

Sunday, March 26, 2006

Labirinto


Virei as costas ao conformismo. Não sei por onde percorra, que caminhos trace, que palavras use, que silhueta apresente para me sentir mais Eu. A Verdade, essa Mentira, continua aqui à frente dos meus olhos para a descobrir e não sou capaz de a ver, por mais frontal que seja a observação.
Enclausuro-me em medos de esfinge variada, em cogitações de futuros que não quero e vou-me ferindo aos poucos. Ferindo tudo aquilo em que acredito, virando as costas ao que a Razão mandaria fazer, mas mergulhando bem no Fundo nos sonhos que me habitam.
Estou no mais complicado dos labirintos que alguma vez enfrentei. Vejo-Me por entre paredes espessas, sem saber o que esperar da Alvorada, sem saber o que esperar da Vida, sem saber o que esperar de Ti. Ferram-me estes cães todos os dias, com o medo que o Sonho não mais passe a ser realidade. O Medo que a inexistência de um Algo te leve para longe, te retire esse sentimento do peito em favor de uma futilidade, de um momento, de um qualquer trato de coisa, necessariamente mais vazia do que o meu Amor por Ti.
Tenho saídas em mente mas não sei qual escolha. Se acredito que podemos Ser novamente, ou se desisto daquilo que almejo da Vida, que é poder tocar-Te novamente, e poder amar-Te todos os dias da minha vida. Vejo-me aqui, embebido num Medo de te perder de vez. Enquanto que o teu sentimento por Mim não murchou, vejo-me na eminência que ele desapareça a cada passo teu, agora que dou passos rumo a Ti.
Habita-me o Medo da Perda, mais do que o Corpo, o Medo da Perda do teu Sentimento, esse mesmo que me vai enchendo os pulmões de vontade de ir a correr para Lisboa e tocar-te em Sete Rios, olhar-te no Metro, tocar-te num qualquer restaurante, ver o Tejo contigo, sentar--mo-Nos no Terreiro do Paço olhando para o Arco da Rua Augusta, abraçar-Te nas Picoas... e tudo o mais que temos guardado no Tempo, o tempo em que as nossas Almas andavam juntas por entre uma Lisboa que me pedia para ficar, me pedia para Te beijar ali mesmo em frente a uma multidão sem rosto.
Medo, meu Amor, que esse teu sentimento se desvaneça, como um nevoeiro que desaparece por entre rios de lágrimas que vou jorrando na tua ausência, sem saber que tipo de gestos podes seguir, ou que comportamentos vais adoptar. Quero ser capaz de Te olhar bem dentro e de te pôr, de novo, borboletas na barriga, de te calar com um Beijo e conquistar tudo aquilo que falamos de maneira cabal, inequívoca e intransigente.
O meu Amor por ti é Único. Talvez não caiba num só peito. Daí querer o Teu, para junto partilhemos o sentimento que nos une, e não o deixemos morrer por entre dias que se passam sem o gesto, por entre bocas que não falam, por entre beijos que não são dados.
Espero poder lutar por ti de igual para igual, e fazer-te a Pessoa mais feliz deste Mundo e do Outro.
Hoje, perco-me nos labirintos!
Amo-te!
Apenas eu, Hugo!

Tactos


Vive-se e sente-se em memórias de cristais e diamantes. Os diamantes que brilhavam outrora, hoje não são mais do vidros baços de um Sonho de uma alma por inventar.
Fito o Céu num Campo que dizem ser Grande, numa cidade que dizem ter Sete Colinas, esperando ser surpreendido por um toque de Pessoa, a minha Pessoa.
Gostava de me cruzar contigo na rua, explicar-te coisas, ver coisas contigo, ser por entre ruas apinhadas de gente, ora sentindo, ora sentindo-Te, naquele espaço que já foi nosso.
A nossa última Presença foi o toque das nossas mãos. O selar silencioso de algo que nos une de maneira tão simbiótica e tão cabalmente interrompida, mas não terminada. Hoje, apetece-me fumar um cigarro, voltar atrás no tempo ouvindo Anthony and The Johnsons ou The Gift, que tanto nos marcou numa época já por nós ultrapassada.
Hoje o calendário emprerrou, os dias estão maiores, a ausência transborda e as lágrimas quase que vão secando. Aos meus gritos de dor sobrepõe-se os de quem não quer ouvir, os quem não quer pensar que o acto da escolha pode ser cruel, assim como o acto do reencontro pode ser delapidante quando nos faz pensar de erros de passado. Não acredito na Filosofia Popperiana, em que o conhecimento só evolui com o erro. Não! Devemos evitá-lo e não forçosamente provocá-lo para que a certeza de um Algo aflore.
Sinto-me na mais apertada das camisas de forças que possa existir: a camisa da distância. Oxalá me pudesse o Vento levar num qualquer sopro, ou então fosse ele capaz, de te levar um Beijo Meu de até já. Mas não. Vivo prisioneiro de uma Prisão chamada distância com a Vontade de Dar, Reconquistar e, quiçá, continuar o que o Tempo ou algo interrompeu.
Hoje as Utopias deram lugar à Vontade, ao Desejo que tudo volte a ser não o Conto de Fadas, mas a Certeza dos Dias, não o do Olhar Perfeito mas o Olhar que nos enchia aos Dois de um sorriso de mil anos, não o das Frases de Conveniência mas as Frases Repletas de um Sentimento transbordante, que ainda hoje nos enche.
Não escolho bem alguns modos como me dirijo a Ti, nao meço muitas vezes palavras ditas como punhais que lanço directas ao teu peito e se calhar vou esculpindo a lápide de algo que sempre foi tão nosso. Não é isso que quero. O que quero ter-te nos braços, agarrar esses lábios que foram e são (?) meus e habitá-los até que a Sombra me leve.
Esqueçam as teorias. Esqueçam as certezas. Hoje sofre-se com s minúsculo uma Dor com D maiusculo. A dor de quem ama, a dor de quem luta, a dor de quem se sente aprisionado, a dor de quem o tecto caiu em cima.
Vejo-me a construir um Hugo em paredes de barro. Um Hugo errante, oscilando entre a monotonia monocórdica e a monotonia monótona de dias sem Ti. Não peço viver apenas por Ti, não peço ser eu o epicentro das tuas 24 horas, peço apenas poder existir Contigo e em Ti, por entre dias em que a chuva cai a cântaros e os pássaros não vão cantando melodias que sejam de se ouvir.
Olho-Te no Silêncio, procurando-Te o rasto, quiçá tentando-Me encontrar a mim também. Deambulo, por entre corredores e paredes, pensando em sei lá o quê. Gostava de que o Sonho de uma Vida, Contigo, não acabasse numa palavra. Que o Adeus não fosse lei, mas antes o sinónimo de um Até Já, que em Lisboa lutarei para transformar na certeza de um Beijo Eterno e de uma Eterna Melodia de Corpos, os nossos Corpos.
Até lá, até à camisa de forças perder a força, resta-Me sentir os Tactos que deixaste em Mim e voltar atrás no Tempo, o Tempo que me tocaste na Mão pela última vez.
Amo-te e desculpa se por vezes não escolho o melhor modo de dizer, de lutar, de ser.
Apenas eu, Hugo!

Saturday, March 25, 2006

Eternidade


Abri a mão.
Leio-Te por entre Linhas de um esboço de vida feito num papel qualquer. Faço sincronismos metafóricos mentais tentando entrar na Tua Mente, ler-te o olhar, ler-te o Ser, mas isso só me leva para longe deste cais.
Tropeço nos dias como um Bêbado. Pergunto se passará a bebedeira por entre um palpitar súbito de vontade de me perder em Ti.
Fito o Horizonte com o teu Amor no Olhar. Lisboa, a cidade do Amor que nos uniu, emerge unica e fantástica como o bastião de um Universo só Nosso, onde os quartos foram covis de um Amor que se fez, por entre Chuvas e Tormentas que nos habitavam.
Perco-Me na leveza do teu Ser, habitando-te no teu silêncio. Olho-Te nos pedaços de Vida que em mim cravaste, almejando o seguir de uma História de Amor que o Barqueiro não pode quebrar. Duas Almas com A grande, que resistiram ao Ocaso dos acontecimentos, e hoje, jorro lágrimas de dor capazes de encher o Tejo, tentando mitigar no teu silêncio uma dor de uma Ausência que sinto.
No quarto, uma Colcha caída me puxa atrás no Tempo. Me leva ao Começo do Ser, ao começo do Tacto, dos Beijos, da Chuva na Face, das promessas de Amor Eterno que juntos escrevemos numa folha qualquer, com uma caneta banal, fitando-Nos por entre transeuntes vazios de sentido num contexto que era só Nosso. E hoje, somos apenas Eu e Tu, num Silêncio Cristal, vagueando entre Brumas e Infernos, oscilando entre o Tudo e o Nada, ora sofrendo pela Ausência ora desatinando na Presença.
Hoje, aqui nesta pétala que seguro na mão escrevo o teu Nome. O Nome da tatuagem que tenho no meu Coração, esse tal Amor que dizes poder não ser eterno. Oxalá visses, que o Meu sentir passa as barreiras da Razão, e que, por entre risos e choros, por entre chuvas e sóis, o Teu Eu me preenche. Quero o Toque, o Beijo, o Lábio, o Pescoço, cada pedaço de Ti, que outrora percorri com a sofrega vontade do Amor que se fez, mas agora com a Eterna Melodia cantada da Felicidade embrulhada numa qualquer seda, de uma qualquer India.
Vejo-me embutido num pesadelo, onde os Corvos me cravam na Pele o Teu Perfume e a dor do teu silêncio: mais do que o silêncio da tua Boca, o silêncio do Teu "Amo-te", do teu "Quero-te", do teu "És o homem da minha vida".
Todas as metáforas parecem subtis e fragéis para descrever o que a minha alberga por Ti. Pergunto-me, aqui, se serás capaz de Olhar pa Mim, entrar bem dentro da minha Alma e ver aquilo que só tu tens capacidade de ver, de sentir aquilo que me vai cá dentro, o interpretar cada olhar meu, cada riso, cada gesto, cada pequeno sinal de um qualquer membro.
Vivo o meu Dia como uma contagem descrescente. A contagem decrescente para o fim da Saudade: saudade definida como a Vontade de que tudo volte a acontecer.
E lutarei para que volte a acontecer, porque Te Amo e porque Te quero.
Apenas eu, Hugo!

Monday, March 20, 2006

Comboio de corda


Saio à rua. Lá fora o dia quer-me Mal e manifesta-o jorrando lágrimas de uma mucosa em ferida. Dou por mim, deambulando num pseudo-estado, numa pseudo-realidade, onde não vejo cores, não vejo imagens, não sinto cheiros, não me sinto, não vivo.
Sinto-me bater à velocidade de Mil Ferraris com o maior dos pesos no estômago, como que levado por mil tornados, mais vazio que a maior das Câmaras Ocas que se possam conceber.
Vivo-me como um comboio de corda, levado por uma força que não controlo, sendo e estando não sei porque razão, se é que em alguma coisa da Vida podemos afirmar existir razão.
Perdi o rumo dos sentidos que a Saudade do Corpo aflorou. Terei perdido algo mais? Sinto-me como o insenso pedindo para ser acendido, por um Alguém, o Alguém. Sinto-me baixo, pequeno, minusculo, incompleto, perdido, desnorteado, ausente de Mim, posto numa qualquer lápide.
Perdi-Me de Mim e não me encontro. Procuro nos racunhos, nos restícios dos sonhos e maravilhas que imaginei, na mais venerada parede e só consigo ver as sombras de silhuetas que por lá estiveram. Pégadas na areia, levadas por Marés Vivas de solidão que me afogaram nesta dor que me inunda as entranhas mais profundas do Ser. Sou, sendo o que não Sou, querendo ser o contrário do que Sou agora. E pergunto-Me se algum dia serei.
Olhei os Retratos de Memórias num qualquer olhar de soslaio e vi-me numa Memória de Ser que outrora fui. Pergunto-me se seria Real, se vivo no Real ou no Imaginário, se me perco por ideias e por sonhos, ou se luto por eles para saber que não Reais. Antíteses e paradoxos que não consigo solucionar, por entre vultos de Ontem e presenças adiadas do Hoje.
Os sonhos e vestígios guarda-os na minha Gaveta fechada à chave. Esperando que um Alguém se lembre de a abrir, me devolva o Querer Ser, se devolva o Ser. Chegarei ao cais do Tormento mais rapidamente do que serei Sombra, ainda que os meus vacilos me levem muito perto da Loucura.
Não consigo definir o que sinto. Não me consigo sentir Eu. Não consigo libertar-me destas sombras e vazios, destes pensares, destas ausências de gestos, dos ídilicos pensamentos de Vontade, das razões que tinha, do sentir-Me ùnico por entre os Unicos. Mas perdi-Me e hoje sou, novamente, o que lutou para não ser. O que deu para não ter. O que lutou pelo Sonho e não chegou lá. Morri na Praia, no momento em que inspirei.
Hoje, vivo momentos sonhados outrora, sem o sentido que deveriam ter e pergunto-Me se algum dia poderei a sentir-Me novamente. Quem o sabe? Ninguém, nem eu próprio. Não escolho o que sinto, escolho antes caminhos, metas, sonhos e vontades. Mas perdi a minha Vontade... Sinto-me hoje agindo mecanicamente, como um comboio de corda, levitando por entre gestos, sorrindo por aparências, Sendo por conveniência. Trespassou-me a cruel seta da ausência e hoje sofro no silêncio para não me impor. E ali, onde o Fim do Dia me beija novamente, dou por mim a derramar o liquido dos fracos, dos que não sabem passar por cima: a Lágrima.
Rezo aos Deuses que venero que façam estalar as minhas estalactites de Dor perpetuadas em minha alma, enquanto Te falo no silêncio. Será que me Ouves? Consegues?
Gostava de não ter colocado o ponto final. Antes um ponto e vírgula. Enquanto isso, Lisboa vai-me dizendo olá lentamente, a minha silhueta transformando-se, tornando-Me mais Homem, tornando-Me naquilo que pensavamos que viria a ser. Porém, só agora eu me Vejo ao Espelho. Consegues ver-me no Teu Luar? No teu Olhar? Em Ti?
Sinto-me como um comboio de corda a entreter o Sentir.
Acho que não serei jamais o Homem completo de um Outrora. Se é que irei conseguir alguma vez ser completo. Até saber, vivo-me sem a Simbiose, pensando se terás apagado os meus escritos a lápis nos teus/meus livros, se apagaste da tua pele os beijos que te dei, se apagaste do teus olhos os meus, se me apagaste do Teu Toque.
Quero-Te no Silêncio Ensurdecedor da Minha Vida!
Apenas eu, Hugo!
... e a corda acabou, e o comboio parou... choro