Wednesday, August 18, 2004


Cada vez me afundo mais na minha mágoa. Dou por mim a desejar morrer a qualquer momento. A minha vida já não faz qualquer sentido. Quero desaparecer, deixar de ser um cadáver adiado, para passar a ser um cadáver efectivo e assim não mais sofrer, não mais passar por coisas que me repugnam, por sentimentos de indiferença, de desprezo. Ninguém me quer, ninguém me estima, ninguém me valoriza, ninguém me quer por perto. Olho para mim com um desprezo que me apetece dar cabo de mim nesse instante. Sou mesmo um traste, daqueles que espremido ao máximo não sairia nada de postivo. Um escremento de nada e uma mistura de tudo que repugna aos olhos de terceiros. Devo ser um parasita desmedido, frustrado por não ter aquilo que sempre quis e que nunca conseguiu ser sucedido nas coisas que idealiza. Sou, provavelmente, uma obra que Deus se enganou quando idealizou. Dizem que Ele é perito nas obras que faz, mas saiu um traste imundo e decadente: esta escumalha que aqui vos escreve. Por isso, desejo hoje a morte mais do que aquilo que alguma vez quis e espero que Deus me conceda esse desejo pois não aguento mais o estado de agonia desmedida e lacónica por que passo. Quero deixar de ser o que só tinha qualidades, para passar a ser o que já teve qualidades; quero deixar de ser o que era ingorado, para passar a ser o que foi ignorado; quero deixar de ser o triste, para passar a ser a pessoa que em momentos da sua vida foi triste. Se calhar, a vida resume-se a uma questão de pura semântica e concordância verbal. Pois então, vou usar o imperativo expressivo dizendo "Quero morrer". Espero que me deixem fazer isso. Ou Deus o fará ou eu mesmo me encarregarei de tal coisa. Dizem que o suicidio é cobardia mas não na minha situação. Veremos até que ponto serei cobarde. Apenas eu: Hugo! Posted by Hello

Tuesday, August 17, 2004


Perdido num mundo que nem eu entendo sobrevivo á triste de sina, de morto ir vivendo. Morto num sentido mais abrangente do que a estrita ausência de sinais vitais num corpo, que dentro em breve nada será senão poeira e algo inútil ocupando um espaço que não devia.Morri para a vida há uns tempos atrás quando o mundo se começou a debruçar incessantemente sobre a minha cabeça. Ou porque eu me apercebi que ele estava debruçado ou porque ele de maneira inequívoca se me acercou ainda mais. Desde então, no recanto da minha intimidade, as lágrimas cobrem a minha face. Abunda em mim o pessimismo exacerbado, a ausência total de estima, de carinho, de amor próprio. Amigos do peito, colegas fantásticos, companheiros de jornada... Onde estão eles? Não quero nem sei assim viver. A ausência total de carinho se me esmaga a consciência pensante que faz de mim o pessimista que hoje cruelmente me assumo. Provavelmente, nenhuma das pessoas reconhecerá nisto que afirmo de maneira tão inequívoca uma qualidade ou algo que deva continuar. Nem essas pessoas assim pensam nem eu queria que me fosse apontada tal qualidade. Sou triste, vivo triste e não posso querer ser mais do que ser um triste. Assim me defino, retumbantemente. Sinto a sensação de aperto no estômago constante, desde o abrir dos olhos de manhã, até que à noite me deito na minha cama, no meu tumulo, na minha campa. Os maiores desvarios se me ocorrem. As maiores loucuras me apetece levar a cabo: desaparecer do mapa é sempre o denominador comum! Quero ter apenas uma esfera de bons sentimentos recíprocos e verdadeiros que me sustentem a essência e afaguem aquilo que não quero ser. Ter um amigo, um irmão, um parceiro para tudo o que necessitar e ter como adquirido o facto de que para ele estou num patamar estrito de igualdade. Mas não me parece que o Mundo me vá oferecer tal coisa... Assim basta-me ir olhando o Céu, ambicionando lá morar o mais breve possível. Ao menos lá, como já disse, a paz acercar-se-à, indubitavelmente de mim. Apenas eu: Hugo! Posted by Hello
Dizem que o meu gosto doentio por ler coisas acerca de Fernando Pessoa me torna uma pessoa cada vez mais fechada em mim mesmo e cada vez mais melancólica e que dá valor aos aspectos mais singelos e pouco relevantes para a maioria. Vi hoje que, apesar de as coisas serem assim triviais para quem as aprecia, não é assim tão trivial para quem as ouve. Normalmente, tendemos a valorizar os nossos amigos quando eles existem e dão mostras que nos querem bem. Há os casos, também, em que essa intenção é meramente teórica. Impressiono-me com as mensagens quando alguém acaba de ler o que escrevo aqui no blog. Todos me dizem que faço uma tempestade tremenda num copo de água mas se virmos bem o contraste entre as acções dessas pessoas que se me dirigem comparando á ídilica demagogia que imanam quando lêm vai uma tremenda e inesgotável distância. Dou por mim assim sozinho num mundo que me oprime e me quer mal por ser assim, um mundo fechado em quatro paredes que tentam suprimir-me e entalar-me inexoravelmente sobre uma tábua rasa, metaforicamente simbolizando a triste evidência da minha vida. O mundo que construi aos poucos da mesma maneira que surgiu, se vai esfumando ao tilintar dos ponteiros do relógio como que fazendo questão de se fazer notar. Esta triste evidência, que narro constantemente, que alguns apelidaram de "pelágio" ( sim, há quem pense que o que escrevo é copiado de algum lado... enfim), corrói-me a alma, molesta-me os sentidos e muda a maneira estrita de olhar pela janela de manhã. Já pensei mais que uma vez em acordar um dia, despedir-me dos que mais estimo (ainda que a estima possa não advir na mesma moeda) e embarcar numa barca rumo a um Mar Distante. A Morte, em múrmurios escondidos, por mim há muito desejada talvez seja a única maneira de ser valorizado e alcançar finalmente a paz que tanto busco. Talvez aí a minha alma finalmene serene e possa depois de morto ser valorizado pelo que sou agora, pois costuma-se dizer que quando as pessoas morrem é que ganham especial significado. Tenho imensas dúvidas sobre se alguém podia vir a sentir algo relativamente a isso. Mas as coisas devem seguir o seu rumo e não interromper o curso normal delas, ainda que a hipótese se me passe pela cabeça. Vivo numa tristeza de alma e de espírito semelhante à do Campos intimista. Vivendo, sobrevivendo, avaliando, constatando e concluindo que a minha foi, é e não será mais do que um enorme fiasco e um acumular de tempo de sofrimento e angústia que passei. Os amigos que tive trocaram-me pela novidade; os amores que tive largaram como se joga uma peça de roupa na cama; a minha família olha hoje mais para o seu umbigo do que se calhar para um dos grandes garantes da sua própria existência. Existir não mais faz sentido para mim. Para mim, isto não é viver em perfeita harmonia e felicidade para com tudo. Isto é sofrer, querer e não ter, mudar e não metamorfizar, esconder e não mostrar. Apelo aos deuses que acabem com a minha dor, que me levem para longe e que me mostrem que o traste que sou, pode um dia ser louvado e desejado, seja por quem for. A paz eterna alcança-se quando o coração bater pela última vez. Cada segundo que passa é um segundo adiado para eu alcançar essa mesma paz. "Não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada". Apenas eu: Hugo! Posted by Hello

Monday, August 16, 2004

Um barco à deriva sozinho no mar... Que melhor metáfora poderia eu arranjar melhor para me definir? Também eu vivo vagueando erroneamente por um rio que não sei onde me leva, nem muito menos porque estou nele, mas a certeza irrefutável das certezas é uma: estou completamente só! Amigos de outrora, esquecimentos de hoje, promessas adiadas, sonhos falhados, desilusões do presente baseadas num passado e me afectando cada vez mais o futuro...Olho ao meu redor em cada dia que vou vivendo e vou admirando as pessoas que não têm esta ânsia, esta dor, este receio de estar vivo e ir vivendo que tenho. Sou triste, vivo triste e defino-me como tal. Pessoas há que devem pensar que isto por que passo, se define como doença do mero foro psiquiátrico, sendo esta definida como psicose doentia, mas digamos que está longe, muito longe de ser isso, uma vez que o psicótico não tem noção do seu estado. Ir vivendo sem pensar é algo que já tentei não poucas vezes, tentando obter no vazio e no banal aquilo que não tenho na complexidade extrema de um pensamento elaborado e demasiado complexo aos olhos de quem o interpreta. Mas nada que o vazio me trouxe foi capaz de mitigar esta dor que no meu peito arde. A dor ardente de querer ter amor mais presente de uns pais que me amam mas que se afastam a cada dia que passa; a dor ardente de amigos que não tenho, já tive e não sei se alguma vez mais voltarei a ter. Não se interprete isto como mera divagação metafísica ou então mero recado escrito e publicitado para que alguém que se assuma como destinatário possa reclamar como sua a mensagem. Não! É antes um grito de quem silenciosamente grita todos os dias no meio de uma multidão que teima em fazer da banalidade uma bandeira e do prazer fácil um modus vivendi et operandi. Posso afirmar, sem qualquer dúvida, que a minha vida está totalmente desprovida de sentido lógico. Falhei em quase tudo! A grandiosidade que tive, ou julguei alguma vez ter, passou por debaixo da ponte da minha vida nunca mais recuando para dela poder vir a sentir novamente o sabor. A água passa por debaixo da ponte e não mais voltará a passar! Ainda que seja uma conclusão dura que temos inexoravelmente de tirar é triste termos de chegar a tão gravosa e triste evidência. Queria estar aqui a narrar a maior das façanhas, o maior dos feitos e a mais alegre das alegrias, mas no dia em que o fizer de maneira exacerbada a mais, chamem-me hipócrita e incoerente, porque transitar de estados de alma isso sim é doença. Sinto-me hoje, não sem um mas sem os dois braços. O braço esquerdo, por ser do lado do coração, do amor que tanto quis e não tenho e não sei se alguma dia terei; e o braço direito, do companheirismo, do amigo presente, que me considera parte integrante de um mundo que também é o dele. Por isso digo que vou falhando diariamente e falhei em tudo a que me apostei. Sou um fraco, um banal e quiçá um vulgar... Um vulgar que valoriza as pieguices do sentimentos e os valores mais ténues e sentidos que assume como seus e que estão em decadência. Darei alguma vez a volta por cima? Com o pessimismo que me possui desde há muito, dificilmente suplantarei tão grandiosa dificuldade. Apenas eu: Hugo. Posted by Hello
Fernando Pessoa é sem dúvida meu irmão. Muitas são as tardes perpetuadas que passo cojitando a minha alma e o meu passado recente. Dou comigo em pensamentos recônditos e melncólicos como se chamando por mim para uma angústia profunda de elevada dor e sofrimento. Por vezes, a dor de ser capaz de admitir que pensamos nestas temáticas é mais forte do que qualquer dor física que o infortunio se nos dá. Posted by Hello

Thursday, August 12, 2004

Megulhei no abismo!

Olhei para o céu numa noite estrelada e nada vi senão um mero e sombrio fundo preto. Estaria somente a ver a minha alma?
Conclusões tristes de quem nada tem. O que nos valoriza como pessoa e ser humano, se é que o que disse não é uma e uma só coisa, é a grandeza da presença dos nossos amigos. A questão essencial dos meus nefastos, para alguns, pensamentos prende-se com o facto de, actualmente, não poder ver-me como pessoa importante numa esfera alheia. A importância da amizade cinge-se a uma relação recíproca e não meramente unilateral. Mais que uma pessoa, ontem , depois de ter lido aquilo que escrevi, me disse "Ah eu até sou teu amigo". Sim, concordo plenamente e não desminto nem ponho em causa qualquer delas... O cerne da questão aqui reside na grandiosidade dessa amizade enquanto medida, meramente, pela importância que tenho. Eu explico-me.
Não quero nem nunca quis ser, epicentro seja de que espécie for. Simplesmente acontecimentos de um passado, se calhar, demasiadamente recente levaram-me a valorizar demais e exacerbadamente a presença constante de alguém a meu lado, não estritamente em termos relaccionais mas também como ombro amigo.É envolvido neste contexto que se insere a questão do irmão que quis e nunca tive. Não quer isto dizer que as pessoas~, algumas, não são minhas amigas. Fugiria completamente à verdade se o afirmasse de maneira tão cabal. Também não é menos verdade que, se calhar, algumas pessoas até tentam incomensuravelmente estar mais próximas de mim. A questão é que sei de antemão que certas e determinadas pessoas pela própria vivência e conhecimento que já têm comigo têm mais probabilidades de saber entender as minhas paranóias e desvarios. Há, no entanto, também aqui, algo de relevante a ser retido: não se entenda isto que escrevo ou que venha a escrever nem como crítica nem como ultimato ou recado para alguém porque não se trata disso nem nunca há-de ser esse o propósito. Muitos menos foi este blog criado como meras divagações filosóficas ou como escape de sentimentos não sentidos que ficam bem no papel. Nada disso. Escrevo aqui para passar para aqui o que sinto, o que sou, o que me apoquenta e não servir propósitos que não estes.
Mergulhei num abismo! Num abismo tão grande e escuro que me levo a perguntar o porquê de lá ter caído e porque é que não saio. O Porquê de não ser um irmão para ninguém no estrito sentido da palavra. O Porquê de ter sido augurado um futuro tão brilhante e redioso e agora esse mesmo futuro ser escrito num passado e não num presente. O Porquê de as coisas que idealizei e cheguei a ter me terem escorrido pelos dedos como água que corre fugindo de mim. O Porquê de ter sempre o que não quero e não ter o que desejo. O Porquê da minha situação deprimente e constantemente só.
Provavelmente, como Pessoa disse, ele próprio fez mais filosofias que o próprio Kant. Não me comparo ele num tenciono fazer filosofias mas provavelmente já esteja a um nível de um Piaget ou de um Kuhn ainda que com uma diferença umbilical: enquanto eles são construtivistas, eu sou destrutivista, face a metáfora!
A noite consegue, no entanto, ser boa conselheira para mim, ainda que teimosamente me vá esmagando com as suas insónias. Dou por mim, às vezes, desejando fechar os olhos para dormir e assim ficar para o resto dos tempos. Ao menos as pseudo-psicoses e crises teriam um fim e quem narasse a minha história mais tarde nada ou pouquíssimo teria a registar: não foi nada, nem nunca havia de ser nada - haveriam de dizer.
Apenas eu: Hugo!

Wednesday, August 11, 2004

Pode ser impressão...

Dei por mim hoje a pensar em algo que, sem dúvida me inquietou.Pensei, não bem porquê, onde é que andariam os meus amigos, e quando digo amigos é uma definição estrita daquilo que é um amigo: alguém de pura confiança, que procuras o seu conselho quando mal estás ou de algo necessitas. Por incrível que pareça, debati-me num vazio. Não que não considere alguém como meu amigo, mas antes por pensar que uma relação desse tipo e envergadura deve ser recíproco.
Tempos houve em que a amizade era um estandarte para mim, algo cuja grandiosidade nunca era posta em causa e sentia que junto dos meus amigos, verdadeiros amigos, eu conseguia um estatuto tal que mais ninguém me conhecia dar. Sem perceber porquê, os meus amigos de então foram deixando de actuar na minha esfera e ainda hoje me pergunto porquê.
Começo a criar uma explicação para isso: ou sou eu que sou de espécie demasiado complicada, ou os meus amigos não me dão o devido valor. Inexoravelmente, cheguei facilmente à conclusão que a primeira hipótese é a que tem mais sustentabilidade.
Não sei se tenho um feitio reles, mesquinho ou quiçá complicado. A verdadeira evidência é que não tenho o irmão que nunca tive e sempre desejei ter. Muitas vezes, dou por mim por entre as minhas grandes névoas ansiando deitar cá para fora o que vai lá dentro e me destrói a alma. Mas lá fora, as pessoas que lido diariamente ou tenho mais contacto noto não estarem nem aí ou existirem em esferas paralelas com nexos e sentidos completamente diferentes dos meus: Pergunto e nunca chego à conclusão do porquê.
Ter um irmão, um companheiro, um ombro amigo foi o que sempre desejei ter. Já o tive, mas até esse que outrora tive fez questão de me mostrar que, por vezes, a mente pode ser forte, mas a carne demasiado fraca.
Do fundo no coração não vejo ninguém actualmente que me veja da mesma forma. É certo que é talvez injusto querer alguém assim, mas não se trata aqui de mero capricho ou teimosia, simplesmente um irmão sempre quis ter mas a vida tem sido demasiado ruim comigo para tal. Acho que a visão que tenho da vida se afunda cada vez mais.
Não será certamente esta visão que vou defendendo e abordando que quero da vida. Mas nem sempre aquilo que se sente ou vive é aquilo que realmente queremos. Muitas são as pessoas que ficam demasiado boquiabertas quando lêm o que escrevo, não por estar mal escrito, mas sim pelo próprio conteúdo em si.
Ficam espantadas pela maneira sentida e inequívoca como falo e me expresso e mais importante que isso pelo eu sentir as coisas que narro desta maneira. Ninguém, repito ninguém, gostaria de sentir o que sinto e se não o mostro a mais gente é porque acho que simplesmente sou entediante que chegue ou porque supostamente a pessoa a quem me iria abrir é de um mundo tão à parte que possivelmente não me iria entender.
Gosto de ser valorizado pelo que sou e não pelo que aparento ser ou ter. O que tenho acho que cada vez mais chego à conclusão que é muito pouco, ainda que em situações normais de convivências não espelhe totalmente isso, pois não gosto de ser o coitadinho. Mas só Deus e eu sabem, sim esse Deus que ontem critquei e de que maneira, o que passo quando estou sozinho e me bejo como realmente estou: com um vazio que nem vos digo nem vos conto!
Estou certo que tudo na vida é cíclico e quero fazer da Economia que tanto amo uma "verdade absoluta": se tenho menos hoje, concerteza irei ter mais amanhã!
Apenas e só eu: Hugo!

Tuesday, August 10, 2004

Um dia, não sei...


Pergunto às estrelas quem sou eu... Elas caladas, ou envergonhadas de quem a ela se dirige, limitam-se a ingnorar-me como se ignora um mendigo suplicando por ajuda no meio da rua.
Posso não ser um mendigo, latu sensu, mas interiormente mais que mendigo sou alguém sem nada.
Começam cada vez a emergir na minha mente interrogações e pensamentos, que racionalmente, nao deveriam existir. Há pessoas que na minha conjuntura e posição já teriam "passed away with his/her life" mas vou-me mantendo fiel à missão que os meus pais me confiaram: Viver! Mas um dia não sei...
A Economia sempre me fascinou. A Matemática idem. O problema é que a aritmética da minha vida vai espelhando um número enormemente negativo. E infelizmente a tendência a cada dia que passa, nesta "vida", em sentido meramente lato.

Pergunto aos deuses quem sou- Eles dizem-me , ou pareço ouvir ou então é somente esquizofrenia da minha parte que devo seguir, calmamente como um rio, utilizando a feliz metáfora de Ricardo Reis, mas eu pergunto relutante e perspicazmente: Mas seguir para onde? Com que objectivo? Porquê?
O sonho comanda a vida. Mas nada se fala sobre utopias ou ideais de vida, só sonhos... ´Pense-se: se o sonho fosse real, porque é que Deus tinha que querer? ("Deus quer, o Homem sonha (...)".
Isto faz-me revoltar! Uma interpretação mais extensa deste verso faz-me concluir que se quero alcançar a felicidade e não consigo ( e vou definir isso como um sonho), então se não o consigo Deus é o culpado!
E agora, que faço eu?! Suplanto-me a um Deus cujo poder sobre a mente dos Homens em nada se compara ao meu ou acho noutros campos a força que me guie? Mas em quê? Interrogações retóricas, que infelizmente nem eu sei que caminho hei-de seguir para que a retórica deixe de ser isso mesmo.
Lentamente começo a mudar: mais triste, mais fechado, menos paciente e cada vez mais vivendo somente como o meu Eu! Ao menos esse sei que me valoriza "giorno per giorno" e me vai mostrando que se pode ser amado por aquilo que sou, represento e quero. Não se pense aqui neste caso em egocentrismo. Nada disso. Há quem vá atenuando a dor de pensar alheando-se. Eu alheio-me comigo mesmo, porque só a Mim reconheço neste momento compatibilidade total comigo na maneira de pensar. De futilidade e banalidade no ser e no agir ando eu e o Mundo saturado!
Um dia o sofrimento "will come to an end"
Apenas o de sempre: Hugo!

Friday, August 06, 2004

Vida: afinal mera efeméride!

Se Deus quisesse ser claramente grandioso, fazia com que os dias como terráqueos que temos, fossem um apogeu constante de bem- estar e felicidade. Porém , o Deus que nos guarda, comanda e por nós zela quer que aprendamos a sofrer para no sofrimento adquirirmos bagagem humanitária e grandiosidade psicológica. Eu coloco a questão: Mas porquê tudo isto?
Não se trata aqui de mero paganismo ou revolta existencial contra uma divindade transcendente e inatingível, antes de uma constatação de um facto. Não reza a história da Humanidade, dos fracos já se diz mas se os fracos não existissem, os fortes não teriam razão de existência por dificuldade de definição.
Vejo no paganismo algo sem muito lógica confesso, mas algo com alguma relevância para ser apontado. Sendo os deuses primariamente concebidos para nutir e preencher a mente humana com uma luz e réstea de esperança para os problemas que a vai apoquentando, não deveriam ser os deuses concebidos à imagem do Homem? Esta é talvez a maior conclusão que se deve do próprio texto biblico onde se afirma que Deus fez o Homem à sua imagem. Mas novamente, uma interrogação: se o fez à sua imagem , não deveríamos nós ser também omnipotentes e grandiosos no ser e no fazer? Não entendo...
Busco explicações para o inexplicável, mas também nunca ninguém conseguiu achar valor inequívoco para as questões de mera metafísica abstracta. Gostava, queria e desejava que Deus fosse mais actuante, se é que existe, no Mundo onde estou. Sofrimento, desgraça e tristeza são sinónimos que haviam de ser apagados dos dicionários pela Sua Grandiosa Mão. Mas volto a perguntar, Onde está Deus, quando dele preciso? Onde estava ele quando mergulhei num abismo donde não vejo saída? Onde estava Ele quando queria e não tive o que mais desejava? Onde está Ele que não me ajuda?
Não entendamos isto, reforce-se, como um mero manifesto pagão. É antes a revolta de quem vê na vida uma mera efeméride e que "unfortunately" vê o tempo esfumar-se como uma ampulheta que não para.
Daria tudo, mesmo tudo, anos de vida se necessário fosse, se capaz de ser feliz pelo menos um dia fosse (desculpe-se aqui a inversão sintática do predicado, mas é mera figura de escrita e não erro de principiante).
Não pensar em questões metafísicas e carpe diem ir vivendo. Talvez seja esse o "Grito do Ipiranga" pelo qual a minha alma grita. Mas não será isso tapar o sol com uma peneira uma vez, que não é a fugir dos problemas que eles se resolvem?
Não vivo, sobrevivo!
Apenas eu : Hugo ( em muito mau estado, frise-se)

Wednesday, August 04, 2004

Quando as sombras me dominam mais que a luz!

Tristes dias são estes que vivo. Numa névoa mental constante os dias vão passando que nem flechas e a vida esfuma-se como se apressada por algo. O desejo de querer ter mais é latente, claro e óbvio mas a obtenção é árdua, díficil e muito dificultosa.
Dei por mim hoje a pensar no que pensaria da minha vida se vista por um alguém que não eu. Cheguei a conclusões (não essa de pensar que sou maluco para estar a pensar isso, porque a essa conclusão já havia chegado) que até para mim próprio se revelaram surpreendentes. Vou partilhá-las mas em forma de interrogação retórica que é mais interessante para ser lido.
Que seria de mim e das pessoas que me rodeiam se eu não existisse? Acho que a diferença não ia ser muita. Sou alguém de fácil relacionamento, bem disposto até, mas acho que a presença e relativa simbiosidade que se me pode reconhecer é muito reduzida. Sou mais um entre muitos!
Que consegui até hoje que me tenha orgulhado? Bem, longe vão os tempos em que o Hugo era louvado, adorado e admirado pelas suas façanhas a todos os níveis. Hoje, não passo de "cadáver adiado que procria" (Ricardo Reis) e devo confessar que as vezes dou por mim a conjecturar para mim mesmo "Que nojo de mim fica a olhar para o que faço" (Fernando Pessoa).
Onde quero eu chegar um dia? A meta se me aparece ao fundo, mas o terreno se me apresenta demasiado dificultoso para se transposto. A utopia de que falei, ainda que possa ser modificada apenas por uma questão de semântica correcta e apurada, não mais é que uma esfinge inalcançável num óasis que teima ser adiado.
O que vale mais para ti? As sombras ou a luz? É certo que só há sombra onde há luz, mas infelizmente dou por mim constantemente no "dark side of the moon". Quando as sombras me dominam mais que a luz, perco a norte, a verdade e vontade de viver e num ápice dou por metido encurralado em labirintos sombrios querendo não ter existindo, querendo deixar este mundo e a azáfama e tristeza que me possui. Estou farto das pessoas banais, mesquinhas, orgulhosas, ocas e vazias e quero mais é viver as coisas com pessoas com quem possa algo obter: tenacidade, vontade, preserverança, amor e carinho. Valores que prezo mais que tudo!
Porém, "querendo quero o infinito, fazendo nada é verdade"(Fernando Pessoa). Basta-me continuar a desejar, e tentar ceteris paribus, mudar o mundo à minha maneira, para ao menos segundo o meu modus vivendi conseguir a paz interior que tanto busco e deixar esta dor imensa que me fere o coração e alma numa gaveta da prateleira.
Basta! Estou farto!
Se calhar, inclusivé de ser eu próprio...
Apenas eu: Hugo

A essência do ser humano!

A grandiosidade do ser humano reside na sua própria essência. Pessoas existem cujos seus atributos físicos são de primeira grandeza e a sua própria presença irradia uma aura tal que nem precisam de dizer algo para serem notados. Pessoas existem, que mesmo não tendo sido desprezados pela Natureza, impressionam mais pelos dotes, qualidades e virtudes que têm do que propriamente pela presença física.
Provavelmente eu me inclua no segundo grupo. A banalidade do mundo em que vivemos leva-nos a dar uma importância desmedida e incontrolada ao que aparentamos ser, ao invés de valorização pouco conceituada daquilo que somos realmente cá dentro.
O meu caso sem dúvida que dá, quase, para rir. Sempre fui alguém cujas qualidades intelectuais, a todos os níveis, foi muito apreciada, ora por ter o dom da palavra, ora por nesta ou naquela disciplina obter maior destaque. Mas não louvo nem quero falar disso, antes a ideia que se deve reter é a das “qualidades interiores apreciadas” (desculpem a maneira de escrita saramaguiana mas foi algo espontâneo). Ora, neste contexto, normalmente, quem muito apreciado pelo que tem cá dentro, pois deverá ser pelo que tem cá fora.
Sempre fui portanto alguém cujo amor, definitivamente, ignorou. Era sempre o menino do “Ah, és muito inteligente mas não quero namorar” e passados dois dias andava com um rapaz e assim sucessivamente. Como todos sabemos, a mágoa da rejeição é das piores mágoas, se é que elas se podem catalogar, que podemos ter na vida. A mim, muitas mágoas trouxeram-me uma revolta e uma dor interior incalculável que tento mitigar diariamente naquilo que faço. Ainda que pense muito nisso… e talvez resida aí o grande problema da minha existência. Amigos dizem-me que as peripécias da vida são para ser vividas, apreendidas e suplantadas, que não são para estarem a ser marteladas e delas extraídas qualquer valor e significado doravante. Será isto correcto? Não creio, ainda que o comportamento psicótico, ainda que involuntário, em nada favoreça a mente humana. Estarei doente? Não. “Estou hoje lúcido como se estivesse para morrer”.
Assim passos os dias. Ferido na alma, por quem gostei, usado na vida por quem amei, frustrado por não ter conseguido aquilo que todos ambicionamos. Gostava de ter uma máquina do tempo para mostrar às pessoas que me usaram e fizeram de mim a réstia reles de ser humano que sou, que afinal há muito mais que uma cara e que alguém que sempre dedicou ao pensamento o seu maior tempo, afinal tem valor para ser amado, adorado e quiçá valorizado.
Diz-se em abono da verdade, que nós próprios somos o espelho dos nossos pais. Não querendo censurar, nem sequer por em causa o respeito e amor mútuo que nutrimos, sinto-me cada vez mais afastando-me dos meus pais. Tenho pena. Não sou o causador de tal afastamento, mas se calhar são as próprias peripécias da vida que levam a que as coisas sucedam assim e os irmãos mais novos se coloquem como epicentros atenciosos de quem a eles tem de dedicar atenção.
No entanto, sem qualquer dúvida, que digo que as pessoas que mais amo e mais me amam no mundo são os meus avós. Que me perdoem os meus pais, se algum dia internautas se tornarem ou este texto lhes cair na mão, mas tenho a certeza que mais que eles provavelmente ninguém me ama no Mundo. Eles sim, me valorizam pelo que sou, pelo que represento, pelo que posso vir a ser, e pela grandiosidade e orgulho que lhes transmito quando estou com eles. Não me vejo sem eles e perdendo-os provavelmente a minha vida descambará num abismo que nem me atrevo a imaginar, nem que seja por palavras.
À minhas ex-namorada uma frase só: a vida dá muitas voltas e normalmente Deus retribui em dobro aquilo que nos fazem. Faz muito tempo que tudo acabou, as feridas hão-de sarar mas um dia hás-de saber que ser usada dói muito.
Valorizem mais a essência, o conteúdo, o interior (e não assumam isto como filosofia barata), pois lembrem-se que o ovo não seria nada sem a clara e a gema.
Apenas eu: Hugo.

Monday, August 02, 2004

My Filosofy!

A dor de existir não pode ser superior à dor de pensar. Temos de ir vivendo sem estar com a sensação de corda na garganta. Quem lê o que vai estar agora por baixo, diz que estou a ser incoerente no que digo. Mas não será bem assim…
Quem vive diariamente o que quer, normalmente, é obter um estádio de alma que nos permita ir vivendo, não sobrevivendo, numa calma estóica e passiva, fora a redundância, como postula Ricardo Reis. O carpe diem tem os seus frutos mas não deve nem pode ser exacerbado.
Assim ainda que o nosso interior possa gritar constantemente e a alma nos fira como punhais, devemos afirmar o primado da existência sobre o pensamento exacerbado e psicótico que nos impele para a depressão. Devemos lutar, diariamente, para que as mais banais e insignificantes coisas da vida, se nos apresentem com uma face renovada, ainda que a face da nossa alma continue demasiado suja para ser mostrada.
Queria ser assim tão optimista e viver a vida num lirismo como o que narro. Devemos interpretar este quadro que pinto por palavras, parafraseando Cesário Verde no seu expoente máximo, não como aquilo que sigo mas aquilo que eu próprio idealizaria, se fosse colocado perante um cenário de exposição de uma filosofia de existência minimamente coerente.
A crua verdade dos meus factos contrapõe o que idealizo. Nada considero tão banal como aquilo que sou. Tristes são as manhãs em que me olho no espelho e nada vejo senão pele e osso armado começando mais uma odisseia de actos falhados e tormentas desmedidas. A grandiosidade que desejo, infelizmente, fica-se pelas palavras e optimismo que narro, das palavras dificilmente se irradia.
À minha maneira gostava de ser Caeiro: leigo, despreocupado, apontando a dedo aqueles que fazem do pensamento a sua bandeira e modus operandi .
Mas nada disto realmente assim se passa, nem eu me via agindo como alguém que não está nem aí para o que vai cá dentro. Sou alguém que busca uma utopia que não consigo definir claramente, ainda que a definição de utopia seja clara. Se assim é, que busco eu afinal?
Apenas eu : Hugo.

Amanhã não existe!

Amanhã não existe. Diz-nos o rei do Carpe Diem, o glorioso e muito filosófico Ricardo Reis. Por vezes, dá-mo-nos durante a noite a desejar, que tal não acontecesse para não termos de enfrentar as duras realidades dos dias que correm. Pelo menos, a mim é uma tortura. Queria ser como, Caeiro, olhar para o campo e ver nele tudo aquilo que ele necessita, sem pensar.
Temos claramente duas filosofias diferentes que não ouso opinar por agora qual delas prefiro: uma delas claramente apoiado num estoicismo e epicurismo exacerbado leva-nos a escolher a via do gozo claro e intenso do momento presente, visto a vida ser, metaforicamente falando, um rio cuja foz é nada mais nada menos que a morte; a segunda é a negação completa e absurda do pensamento como via para a felicidade.
Ainda que não concorde da mensagem transmitida por um e outro, achando por demais óbvias as lacunas que uma e outra filosofia detém.
Infelizmente sou muito mais apologista e identifico-me muito mais com o Pessoa ortónimo, e por conseguinte “ pelo seu irmão na dor de pensar” Álvaro de Campos.
Queria ter a noção que o amanhã seria melhor, mais rico, mais completo e repleto de alegrias para mim. Mas tenho as interrogações que se me levantam constantemente, colocando-me em sentido sobre se algum dia conseguirei consecretizar aquilo que em mente idealizei, ainda que esteja claramente confiante no “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce.”
Para finalizar, deixo Ricardo Reis e a sua filosofia no seu melhor:


Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quise'ssemos, trocar beijos e abrac,os e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o o'bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.

Na minha opinião, dos mais fantásticos, poemas de Reis.
Eu adoro e tu?
Apenas eu: Hugo