Wednesday, October 27, 2004


Dei por mim a conjecturar hoje, sozinho remetido à pequeneza do meu quarto, sobre as coisas que o amanhã, efectivamente me vai trazer. Dei por mim, na certeza, de que as peripécias passadas, de rancor e pena elevadas que me molestaram a alma e me feriram de morte, mas não o suficente para sucumbir, são hoje feridas saradas e marcas que me fazem viver a vida intensamente, fazendo-me às vezes levantar das cinzas e mostrando que o vulcão sentimental que normalmente sou, por vezes tem a sua acalmia. Disse há uns tempos que buscava, num deserto imenso que definia como sendo a minha ténue e vaga existência num contexto metafórico obviamente, um oásis capaz de acalmar a minha alma e de lhe indicar o caminho para a felicidade que tanto buscava e não alcançava. Dizem os sábios e os entendidos, que os oásis não são nem seriam mais do que os oásis não são mais do fraquezas de mentes que vivem numa imaginação por vezes sombria. Pois bem, acontece que, como muitos dogmas por vezes caem, também este dogma, a mim aplicado obviamente, caiu. Encontrei o mais belo oásis que se possa imaginar. Esbelto, calmo, acolhedor, sempre radiante, assim definiria o meu pequeno oásis. Não será dos mais ostentadores, nem dos mais radiantes que se possa imaginar, mas é sem dúvida o sítio onde o amor impera, a calma triunfa, e sem dúvida, a felicidade impera inexoravelmente. Dei, sem querer, comigo banhando-me nas águas desse oásis, querendo nele ficar, nele viver e mais que isso, nele ficar para sempre. Daria tudo para tornar eterno aquilo que conjecturo, penso e idealizo relativamente a esse oásis. Sou capaz de perder a cabeça para ter aquilo que os deuses definem como sendo a felicidade. O oásis, penso que não se importa de me ter nele vivendo, co-habitando, sendo nele feliz como que de uma mera relação simbiótica estivessemos falando. A simbiose e a harmonia são na minha opinião condições sine qua non para uma existência feliz. Serve esta pequena narração metafórico-fabular, para exprimir inequivocamente que o meu coração é teu, a minha alma anseia por ser tua eternamente e o meu corpo deseja perder-se para sempre na imensidão do teu corpo, para te mostrar que o que a alma sente, o corpo mostra. Os dias poderão passar, as estações poderão mudar, o Mundo poderá mudar: mas o que sinto por ti será sempre esta imensidão e esta intensidade tremenda que brota do meu peito como se o meu coração se quisesse unir a ti para sempre. As palavras são meras conjecturas para a materialização de um acto, e aquilo que penso, será, sine dubia, verdade um dia. Quero envelhecer, olhando para a cadeira ao lado e ver-te por lá rindo, dizendo que me amas a cada segundo que passa e vivendo harmoniosamente co-habitando num mesmo espaço que eu. Seria, olho sobre azul. Azul como os olhos que tenho e dizes adorar. Azul como o céu, que quero contigo do lado, olhar a todos os dias da nossa vida e enfrentar de cabeça erguida, juntos, a imensidão de um amanhã, que não sabemos o que nos reserva mas com uma convicção inabalável: que o que sinto por ti é imenso e jamais sofrerá uma mutação, porque algo assim, jamais acabará. Adoro-te muito! Apenas eu: Hugo! Posted by Hello

Sunday, October 24, 2004


Olho para a tua cara. Do fundo de mim, se me cogitam sensações que pensei não serem verosímeis ou meramente atingiveis. Dou por mim como que levado por uma brisa suave, mas que me leva para lá dos Trópicos, para lá de onde a visão perde o alcance, no limiar do infinito. A panóplia existencial de espécie horrorosa e por vezes macabra, deu lugar a uma sensação de leveza de espírito e de sensações que julgava já não ter capacidade nem de sentir nem de fazer sentir. Dou, efectivamente, por mim a saber que a existência de uma pessoa, e que pessoa frise-se, pode conjugar uma existência plena de harmonia, simplicidade, amor e mais que isso autenticidade e efectividade afectiva. Como outros teóricos, cujo qualificação ultrapassa claramente a minha, referiram: depois da tempestade vem a bonança. Até aqui posso dizer que concordo. Mas o que não sabia, era que depois da tempestade iria alcançar o paraíso. Tão simples como uma gota de água, tão pura e límpida como ela, ergueste-te na minha vida e teimosamente alojaste-te no meu pensamento e na minha existência. Exasperantemente, mostraste-me que tenho algum valor e consigo ainda ter chama para poder fazer alguém feliz, algo que julgava ser incapaz de fazer. A minha alma e o meu espírito, cujas vontades, obviamente, não controlo, vivem e sobrevivem por ti. Os sonhos, janelas de alma, canalizadores de vontades e desejos de uma alma tão conturbada como é a minha, mostram-me todos os dias, imagens tuas, fazendo-me querer-te, fazendo-me ansiar amar-te e mais que isso, reforçando a cada dia que passa aquilo que sinto por ti. Há quem diga que a maior metáfora da vida é ela mesmo. Eu afirmo que a maior das metáforas são aquelas em que depositamos o maior dos sentimentos. Eu afirmo, cabalmente, que a expressão "peito elástico", nunca se me acentou como uma luva. Tu aí longe e eu aqui. Imaginando o que fazes, pensando em quem pensas, querendo estar ao teu lado, tocar-te, beijar-te, ter-te para mim e sussurrar-te ao ouvido que mais que uma existência, alimentas uma alma de carinho que te estima e te quer. Se a eternidade fosse mensurável diria que queria ficar contigo eternamente. Mas a incomensurabilidade da eternidade é uma aptidão desta palavra. Assim sendo, vou afirmando todos os dias que te quero no dia a seuir, e uma coisa te garanto: enquanto tiver fôlego e me quiseres, o meu coração há-de ser teu. Adoro-te. E tu sabes quem és. Apenas eu, completamente fascinado: Hugo! Posted by Hello

Saturday, October 23, 2004


Sempre me foram dizendo, que a vida seria não mais que uma errância desmedida à procura de correcção. Dado por adquirido está que, todos os erros que existem no mundo tendem a ser observados, estudados e posteriormente, caso seja isso possível, solucionados. Pois bem, não vou cabalmente afirmar que todas as minhas lamúrias, tristezas e devaneios tenham chegado a um fim, mas é uma verdade irrefutável que a minha vida, tem nos últimos tempos passados por metamorfoses sucessivas levando-me a estados de alma, por vezes de um antagonismo que chega a ser doentio e febril, face a redundância. Dou por mim neste momento sentado numa cadeira, sabendo que existem pessoas que davam tudo para estar contigo, para me amar e para me fazer o mais rico e fantástico dos seres vivos. Reafirmo, sem dúvida, a minha relutância face ao facto de a vida, ser sem a mínima dúvida uma alternância tremenda. Há situações em que vejo pessoas a dirigirem-se a mim, e quando do nada espero vem um comentário afável, uma colocação de voz diferente, uma postura acolhedora. Sem dúvida que algo tem mudado, mas algumas pessoas, como tudo na vida, valoro e dou mais importância que outras, ainda que todas elas tenham a sua importância relativa ainda que diferenciadas. Dou por mim, sem que a razão possa encontrar substracto válido, a querer mudar de cidade, a querer mudar de vida, a querer ir para longe daqui para talvez a pessoa em que tanto penso, possa fazer-me feliz. O pensamento nela fica grudado desde que acordo até ao último segundo do meu dia. Penso nela 25 horas por dia, 367 dias por ano e 61 minutos por hora. Devo, sem a mínima dúvida, ter um coração e um peito espectacularmente flexível para ter o corpo aqui onde aqui estou agora, e o coração, por vezes tão longe. A vida segue o seu curso, a minha errância exacerba-se a cada segundo que passa e o meu Destino se me levanta como cada vez mais incerto e por vezes, mesmo, dúbio. Queria ter o dom de adivinhar o que o amanhã me reserva: se a atenção que me dás vai continuar, se aquilo que sentes vai continuar, se o que sinto não vai ter fim. Mas gosto de viver sempre pelo presente e será assim, a racionalizar aquilo que sinto, faço e ainda hei-de fazer, que vou continuar a viver os meus dias, que já foram de uma escuridão tremenda. Urano, foi o símbolo que escolhi para simbolizar este súnito, volte- face na minha atribulada existência. Não digo que, porventura, esta fase não seja como uma tempestade que acontece e passe, fora a associação antitética. Escolho Urano porque é azul. Azul como os meus olhos, de que tanto gostas. E espero que deles continues a gostar, porque dificilmente eu deixarei de gostar. Um grande beijo para ti, que isto estás a ler. Apenas eu: Hugo! Posted by Hello

Tuesday, October 19, 2004


A imagem que hoje coloco, do meu tão venerado Mestre, é a mais famoso de todas as imagens pela qual Ele ainda hoje é venerado. É da autoria de Almada Negreiros, seu companheiro de muitas lutas no Modernismo Português. Da imagem que podemos ver extraímos um só, vagueando pelas ruas de Lisboa, para beber a sua bica, fumar o seu cigarro e beber a sua aguardente, que dizem as más línguas deu cabo do seu fígado. Pessoa, sempre introspectivo e racional a 100% mostrou ao mundo, que a genialidade está para além do mero alcance da vontade. Esquizofrénico, talvez , mas de uma genialidade ímpar e de uma capacidade de escrita como jamais Portugal viu. O Supra-Camões conseguiu encarnar a atitude mundana de um Caeiro, cujo Guardador de Rebanhos, a filosofia espectacular de um Reis que mostrou ao mundo que os clássicos eram o paradigma da existência e um Campos simplesmente espectacular na terceira, "irmão do Pessoa ortónimo na dor de pensar", segundo Eduardo do Prado Coelho e que para Octávio Pato escreveu "le piu bélle poéme du monde", a saber "Tabacaria". Esse poema que tantas vezes cito é sempre dúvida de uma genialidade tremenda e na minha opinião reúne em si os três grandes heterónimos de Pessoa: a atitude mundana de quem observa da sua janela o que se passa "do outro lado da rua", digna de um Caeiro ao seu melhor estilo; um conhecimento perfeito dos filosófos, afirmando mesmo "ter feitos mais filosofias em segredo do que Kant alguma vez fez", denotando aqui sem dúvida a sua feição a Reis; e o pessimismo latente e a dor existencial que percorre todo o poema, ligando umbilicalmente o Campos Intimista ao Pessoa Ortónimo. Simplesmente genial! Desde Chevalier de Pas à Mensagem, passando pelo teatro onde este escreveu três obras, cito a que para mim foi a mais genial das frases de Pessoa: "Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce" . Mas como toda a obra de Pessoa tem as suas contradições esse próprio Pessoa que faz a apologia do sonho, diz ele próprio que "Melhor é nem sonhar nem não sonhar e nunca despertar". Um sem número de contradições que ao longo da sua obra podemos encontrar, mas o que não foi a vida de Pessoa senão uma enorme contradição? Cabe-nos a nós interiorizar o seu génio e relevá-lo nas vertentes. A sua genialidade ímpar ficará para sempre. E eu venerá-lo-ei para sempre igualmente. Apenas eu: Hugo!
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çãçõçéááTenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
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Sunday, October 17, 2004


As personalidades e maneiras de estar no Mundo são, irrefutavelmente, diferentes de pessoa para pessoa. Algumas são as pessoas que avaliam inequivocamente o preciosismo e a diferença, mas muitas mais são as pessoas que preferem a pura vivência impensada. O viver por viver impera nesses casos. Defino-me como sendo muito volátil, capaz de ir de extremos a extremos, com uma facilidade tremenda e capaz de racionalizar ao pormenor os sentimentos que tenho, quero ter ou que já tive. Nesse sentido, poder-me-ia definir claramente como uma pessoa extremamente fechada numa concha que poucos conseguem desbravar ou entender na totalidade. Não se confunda, porém, a inexistência de um desbravamento completo do modo de ser com a falta de predisposição para que isso aconteça. A maioria das pessoas com quem lido faz a apologia do prazer fácil e da intensidade das vivências presentes ignorando o futuro. Sento-me na cadeira neste momento e, muito sinceramente, não sei para onde vou, nem com que destino, nem com que motivações, nem com que virtudes para enfrentar um futuro que nem eu sei o que me reserva. Ainda assim, e reconhecendo que há pessoas que até teriam, têm ou ainda vão vir a ter capacidade de me guiar num rumo que me levem à facilidade, não sei se esta minha espécie dificil e complicada será um factor que potencie tal facto. Sempre fui muito introspecto, muito dedicado a um sentimento com a razão e fiz se calhar da racionalização dos meus sentimentos, a minha bandeira. Sinto com a mente e vivo com o coração que alimenta essa mesma mente. Assim, não sei se haverá paciência para que alguém no mundo aguente tamanha complicação de existência, numa alma que se vê diariamente molestada com factos que a marcam e vincam uma personalidade já de si bastante ténue. Queria ser como o Sol, cuja figura apresento. Incandescente, quente, insubstituível, um ícone indispensável à vida. Não queria ser indispensável à vida de todos, antes de alguém que me guiassem rumo a um infinito calmo, sereno e apaziguador para a minha alma. Reconheço haver capacidades em algumas pessoas para tal. Não sei é se eu algum dia estarei à altura de tamanha façanha. O futuro, se me apresenta, como um enorme buraco negro, neste momento: todos sabemos que existe, mas ninguém sabe o que lá há! Apenas eu, interrogando-me para onde vou: Hugo! Posted by Hello

Friday, October 15, 2004


Existem pessoas neste mundo, para quem a metafísica representa apenas um mero palavra cujo sentido da palavra desconhecem. Eu, ainda, que não me possa comparar ou afirmar que sequer ombrear com o meu Mestre, ainda me acho no direito de saber o que é a metafísica e a dor que isso acarreta. Tentar incessantemente buscar na vida um sentido consegue ser, por vezes, decadente e demasiado duro para mentes mais expostas à dor e à fragilidade mundana. Pessoa é o meu Mestre, o meu mentor, a pessoa em que me inspiro para dissertar e exprimir-me nas mais diversas formas e se calhar, por ter este gosto pessoano, não consigo exprimir-me melhor senão na Dor, e não se conote esta Dor com o poeta fingidor que Pessoa apregoava ser ou simplesmente metaforizava versando sobre essa temática. Gostava muito sinceramente de ser como ele. Todos nós no fundo, tivemos um Chevalier de Pas, todos nós temos um pouco de Caeiro no gosto pela natureza e pela atitude despreocupada de encarar a vida; um pouco de estóico-epicurista como tão bem Reis consegue ser e brilhante como só Álvaro de Campos consegue pôr nos versos a dor imensa que tem. Da genialidade à loucura é um passo muito ínfimo e não poderemos afirmar que os génios jamais foram loucos, porque se a loucura se define como ver algo que os outros não conseguem ver ou descortinar, então os génios são e sempre hão-de ser os mais loucos dos habitantes deste planeta. Revejo-me em Pessoa! Como Pessoa não sou aluno superior brilhante; como Pessoa sou alguém que vê na vida um adiar da morte e que sofre constantemente durante a sua existência; como Pessoa sou racionalizador de sentimentos, e tal vejo por isso não me veja envolvido no Rio, que Reis quer sossegadamente ver com Lídia passar. Sou o que me fizeram e a minha consciência dita e talvez a maior metáfora da minha vida é ser eu próprio como me pinto. O importante não é ser diferente: é fazer a diferença, sendo diferente. A autenticidade e a expressão cabal e inequívoca daquilo que uma pessoa é, sempre foi, para mim, o maior e mais essencial dos dogmas que eu próprio me dei ao luxo de assumir como meus. E assumindo-os como meus, assumo eu próprio a definição de uma filosofia de vida, que ainda hoje me questiono se será a mais correcta. No entanto, de uma coisa cada vez mais me vou capacitando: devido ao turbilhão de emoções, que esta discrepância entre razão e coração me vai trazendo, o mais certo é ir-me tornando num animal que eu definiria como caracol: ter somente na sua concha o aconchegi que precisa para vida e isolada e solitáriamente enfrentar a vida, lentamente esperando aquilo que ela nos reserva. Enfrento o hoje, de uma maneira mais lúcida, ansiando amanhã mil vezes mais que a lucidez do presente. Assim sendo, aguardemos o amanhã. Apenas eu: Hugo! Posted by Hello

Sunday, October 10, 2004


Pensando abstractamente naquilo que sou e nas situações em que me vejo envolto, tudo me leva a concluir, que caminho, sem a menor dúvida para o caos ou um abismo, que sintáticamente tenha a mesma relevância. Vejo-me envolvido em querelas interiores e em misticismos cabais de elevada importância pessoal, das quais não consigo encontrar saída possível. A dor que me molesta o peito constantemente dificlmente pode ser apagada. Costumo, e sempre o fiz, pensar em metáforas para aquilo que sinto, numa atitude talvez infantil, de não sofrer tanto com aquilo que sinto. Porém, para a diversidade de sentimentos malévolos, a roçar por vezes o esquizofrenismo doentio, nada melhor arranjei para me definir do que um furacão. Não se pense, nem releve, porém , que a minha personalidade se assemelha a tal fenómenos climático, antes o que sinto e a maneira como o sinto tem neste fenómenos talvez a sua metaforização mais conseguida e plena. Dou por mim envolto em tempestades sentimentais tremendas; em ventos de desilusão que me levam à distante terra do Nada, querendo para lá ir; chuvas, enxurradas de lágrimas que saem do meu rosto como se de um dilúvio sombrio se tratassem. As lágrimas de sangue, que por vezes jorram dos meus olhos que Deus quis que fossem verdes, deveriam ser de esperança, tal a associação que se faz da cor ao sentimento que ser humano dela extrai. Mas não... Cada lágrima que choro é cada vez mais sinal de uma dor que se vai agudizando, intensificando, molestando-me a alma e afundando-me num mar de cuja saída desconheço. O Mundo gira, as pessoas mudam, as mentalidades mudam, mas a minha dor vai ficando. Chego a pensar que devo ser um ídilico estúpido, que quer ter e ver nas coisas a perfeição com que quer fazer as coisas e ver a materialização cabal daquilo que idealiza, espelhada nos mais simples actos autónomos de outrém. Porém, se assim as coisas funcionasses, o mundo estaria repleto de trivialidades, facto que, como é por demais evidente, está longe, de corresponder a uma simples e verosímil aproximação da realidade. É irrefutável e cabal que o Mundo está de mal comigo, porque não foi feito para mim. Se calhar, eu é que não fui feito para o Mundo e o meu zigue-zaguear sentimental e existencial, não será mais que uma simples conclusão de um facto que muitos já notam: o meu cada vez maior afastamento dos maiores prazeres da vida: Não consigo valorizar-me. Deixei a minha auto-estima metida na gaveta e não mais de lá a tirei por a achar inútil, inadequada e mais importante que isso, não aplicável a uma pessoa como eu. Mais que uma simples existência, definiria a minha vida como uma turbulência, e isso, infelizmente e com a maior das mágoas devo relevar, que provavelmente o futuro não alterará. Sou um ser, por definição, talhado para viver no escuro, sentindo a mágoa e a dor, pois nela cresci, nela vivo e no sofrimento vou tentando encontrar o meu caminho e a minha ambição. Apenas eu: Hugo!  Posted by Hello

Saturday, October 09, 2004


Há quem diga, de fonte segura, que a maneira como cada um vê o mundo varia se mudarmos a pessoa a quem perguntamos a opinião. Há acontecimentos e até mesmo posturas que me marcam de uma maneira extremamente marcante. Magoa-me mesmo muito, ainda que se calhar não devesse. Dei hoje por mim a ouvir coisas e a sentir coisas que me deixaram com a alma em pedaços. Ouvi, por exemplo, hoje a minha própria mãe a dizer que o orgulho dela era a filha que tinha e que sem ela a vida dela ficaria completamente oca e incompleta. Eu pergunto: e eu? Será que a minha existência não é relevante? São, e desculpem o termo, merdas como estas que me molestam e martirizam ainda mais o ser. Até a fazer aquilo que mais gosto não consigo obter a satisfação plena. Não sou valorizado em nada do que faço, em nada do que sou... Sou um traste, alguém lacónico que existe por existir e não serve absolutamente para nada, nem para jogar o jogo que mais gosta. Sinto o mais reles, a mais repugnante criatura que Deus ao mundo deitou... Não sei que desejar, o que querer,, como agir, como pensar. Nada! O amanhã se me levanta para mim como um repetir de martírios por que já passei, reavivados a cada batimento cardíaco dentro do meu peito. O amor não me bateu á porta na plenitude e quando parece bater algo há que me faz ver que sou e sempre serei talhado para sofrer, para viver martirizado, complexado, deprimido e amargurado. Dou por mim num corredor que desejava ser o corredor que me levasse à paz eterna: que percorrendo esse corredor, deixasse de uma vez de ver a luz do dia e deixasse de ter esta existência medíocre de um vazio exacerbado e de sofrimento constante! Quem eu quero levanta N problemas para me dar aquilo que eu anseio e coloca mil interrogações às mais simples trivialidades; naquilo que estudo sou invejado, não sendo dos mais brilhantes, quando tiro algo superior; nas actividades lúdicas até aí o sargaço vai corrempendo a rocha da minha existência. Dou por mim, portanto, entre a espada e a parede: ou sigo num caminho em que o sofrimento vai inexoravelmente continuar a molestar-me a alma ou enveredo por dar fim a isto tudo, porque sei que poucas ou nenhumas serão as pessoas que sentirão a minha falta! Os meus pais não acho que sintam que tenho papel relevante, e não digo sem pensar, falo muito a sério. Os meus avós sim esses consideram-me o centro do Universo deles! Adoro-os! Como te adoro a ti ( tu sabes quem é)! De resto, amigos nem vê-los e de resto poucos me relevariam. Vou chorando, vou sofrendo, vou-me enterrando no abismo. Um dia enterrar-me-ei de vez, porque sofrer desta maneira ninguém aguenta. Deus queira e faça com que a minha mente não escolha esse caminho. Mergulhando e sofrendo num abismo a que chamo vida, apenas eu: Hugo! Posted by Hello

Friday, October 08, 2004


O deserto é, e sempre será, para a maioria dos terráqueos, um dos maiores sombrios locais para vaguear. Infelizmente, há muito que me coloquei, ainda que involuntariamente. Dizem as lendas e o senso comum, que em cada deserto costuma haver um oásis, onde a felicidade e o bem- estar abundam. Penso, provavelmente, ter encontrado esse oásis que todos buscam, porém, "num amor que não ousa dizer o nome", é complicado aferir sobre a sustentabilidade e durabilidade desse oásis. Por definição, esse oásis é algo muito difícil de alcançar. Provavelmente, num estado em que me encontro jamais conseguirei chegar até ele, ficando no entanto referido que seu que ele existe. Queria muito poder fazer desse oásis meu, nele me banhar e acabar com este calor inóspito que me queima a alma, mas não sei se terei forças para lá chegar ou se ele durará muito tempo até que eu consiga lá chegar. Provavelmente não! Terei de viver com a pedra no sapato de quem veio, viu mas não venceu; a pedra que ficara no sapato que ao menos me deixe marca para saber que o oásis andou perto de ser meu. A pessoa a quem me refiro saberá facilmente identificar. Um beijo enorme para ela. Apenas eu: Hugo! Posted by Hello

Wednesday, October 06, 2004


A noite. A noite levanta-se perante mim como uma interrogação nefasta e de espécie tremendamente difícil. Por um lado, dada a minha tremenda dor existencial, serve como escape para os meus desvarios diurnos que me molestam e me enfraquecem. Por outro lado, durante a noite a minha mente é acercada por pensamentos maquiavélicos de teor muitas vezes fraticida e masoquista. Poderia, em sonhos, ser o mais grandioso dos seres humanos. Ser feliz, coisa que na realidade até hoje não sei o que quer dizer. Apenas uso aqui a palavra porque a consultei no dicionário. Porém , durante as noites que passo, a dor e o vazio acercam os sonhos. E porquê pergunto eu? Não entendo. Dou muitas vezes por mim a ver-me deitado completamente morto, fora a redundância, deitado no meu funeral, vendo as pessoas velando por aquilo que fui em vida. Mas, pensando melhor, será que alguma vez fui algo? Será que há alguém para cuja a minha existência seja de algum modo valorizada? Não me parece. São apenas desvarios de uma mente perturbada, mas note-se que de mente perturbada a mente doente vai uma distância abissal. Sou apenas alguém que sofre por não ser feliz, por não ter o irmão que sempre quis ter, a presença amiga que o valore nos momentos difíceis e mais que isso o amor que sempre idealizou para si, seja ele qual for e de que espécie. Dou por mim envolto numa mágoa constante, em que me banho por vezes em lágrimas incessantes. Os meus olhos ardem-me por vezes de tantas lágrimas que deito. Por detrás de um rosto tradicionalmente risonho, está uma alma molestada que anseia constantemente pelo dia do seu último suspiro como forma de acabar com estes desvarios, que alguns classificariam como loucura. O balanço das coisas doidas e não pensadas, e das coisas acertadas e pensadas, faço-o à noite. Raramente me valorizo. Sempre há qualquer coisa que me deita para baixo: uma frase mal dita, um olhar mal colocado, um insulto dirigido, uma lágrima que se soltou... Sempre e constantemente. Mas algo que me molesta mesmo a alma é a não existência de uma alma que eu posso considerar como gémea. Isso sim, é o maior dos meus dramas. Ninguém, nesta vida ou noutra qualquer, consegue ser feliz fechada num baralho de copas. Para isso, todos nós buscamos sempre alguém que coloque a peça que falte no nosso puzzle existencial. Até nisso tenho tido azar. Sou um traste que a nada pode aspirar senão ir sobrevivendo esperando que um ataque fulminante acabe com este ódio por mim mesmo, com este mau estar permanente e está angustia em que estou envolto. Esse Deus que já critiquei tem neste campo um papel essencial. Quero que Ele saiba que a vida, por mim é estimada, mas infelizmente não está a ser vivida. Neste momento que escrevo lágrimas jorram dos meus olhos e penso numa pessoa. Essa pessoa concerteza sabe quem é se vier a ler isto. Apenas e só eu: Hugo! Posted by Hello

Tuesday, October 05, 2004


Quis, desejei e tentar incessantemente ser aquilo que os outros me indicavam ser o caminho a seguir. O não pensar, o não exacerbar os sentimentos e mais importante que isso, não encontrar no pensamento algo mais intenso que o próprio sentimento, mas não consegui. Como se de rotina, inabalável e completamente inflexível, se tratasse, a minha tão ténue e nefasta alma como se dirige para um abismo. Quis ser Caeiro, como me indicavam a dedo. Viver, não pensar, existir, não relevar, ser, não existir. Mas nada disso se revelou proveitoso. Dei por mim novamente numa panoplia de sensações adversas e nefastamente incomodativas que me faziam reabrir o meu buraco negro. Vejo hoje aquilo que não quero e infelizmente sinto aquilo que alguns condenam por não ser o mais normal. Por vezes, à luz de quem profere juízos valorativos é mais fácil amar quem se deve amar, do que enveredar "pelo amor que não ousa dizer o nome". Tenho conhecido pessoas tremendamente fantásticas, algumas de elevada categoria, outras que nem para me dizer um simples olá teriam nível que chegasse. Luto, day by day, tentando obter dos que eu considero amigos, um reconhecimento, um olá, um sorriso, uma maneira meiga que me encha a alma de contentamento e de relevação categoricamente feliz. Amo em silêncio pelas ruas de Verão, o silêncio onde me escondo e tento ser feliz, escondido dos olhares profanos e dos dedos que me apontam como fazendo algo de errado. Aos amigos nada direi, nunca, pois seria condenado á nascença e seria, obviamente, o fim da minha já complikada espécie existencial. Queria ser eu, quero ser eu. Quero ser eu a abrir fronteiras, a existir per mi, e a ser aquele alguém que tem notoriedade pelo que é e pelo que faz e não pelas gajas que come, ou pelos copos que bebe. Quero acima de tudo sair desta vida com a consciência cabal, de quem viu e venceu e não com esta azia constante de quem vai sobrevivendo e não vai obtendo de cada dia a satisfação que poderia obter. Ouso invocar e pensar em quem não devo. Ouso querer ser, quem a sociedade condena. Ouso conjecturar sobre um futuro que não domino e me traria a rendição e o desprezo dos que mais estimo. Por isso Caeiro, tenho inexoravelmente que te rejeitar, porque de nada vale sentir se não puderes do sentimento extrair, por mais ténue que seja, uma lição para a vida. "O amor que não ousa dizer o nome", se calhar, será a minha saída para poder ser feliz, sem os olhares tremendos que me hão-de condenar e sem a mínima chance, condenar-me ao exílio numa vida, onde vivo exilado. Apenas e, cada vez mais, só eu: Hugo! Posted by Hello